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E, da mesma forma, a Salomé, a filha dos morgados, mais nova cinco annos do que Peregrina, se sentia desfalcada nas attenções da prima, muito carinhosa e prodiga de entretenimentos antes da vinda da Huley. Os de Soutello exultavam. Que felicidade darem-se bem, dizia D. Maria Helena para o marido; com o genio voluntarioso de Peregrina o que seria se assim não fosse... Manoel Pamplona concordava.

Amae a Biblia pelas suggestões que vos der, incidentemente! Sabei amar e não precisareis de ler. Ao acabar a missa, trocámos cumprimentos com o monsenhor, as Senhoras de Soutello e ainda com um novo personagem que appareceu a reverenciar Peregrina, num desconcerto grosseiro, embora amavel de intenção.

Os classicos, explicava ao abbade e ao visinho Thomé, parceiros certos do bridge nas longas noites de Soutello, são os meus antepassados em Letras.

Sabes, Maria, commentou a senhora de Soutello, que fui condiscipula de tua mãe no convento de S. Lazaro no Porto; foste minha filha adoptiva nos primeiros annos de educação; teu pae foi o mais querido dos meus irmãos; que desde creança te estimo... Tua mãe, no collegio, era uma santa. E assim a veneram os lavradores do Mosteiro. O carneiro que a guarda é uma casa de milagres.

A morgada de Soutello, D. Maria Helena Alvares Moniz e de Pamplona, tinha sessenta anos, gastos em viagens pias, devoções e os maiores cuidados com a saude e instrucção duma filha, rapariga interessante, segundo Peregrina. A velha fidalga era senhora de poucas letras, conforme o uso antigo nas pessoas da sua prosapia. Tinha, contudo, maneiras distinctas, que a absolviam das poucas letras.

Lembrava-se da velha bulha do bridge nas noites de inverno do Mosteiro, entre o Abbade e o Thomé, a que elle acudia ordeiro e conciliador; das suas lições de português e rudimentos de latim, das velhas recitações que elle fazia sob os arvoredos de Soutello e Lares das obras de Homero, que ao tempo amava por instincto no seu hellenismo genial; de Sophocles, o poeta que em si summariava a maravilhosa cultura e floração da Belleza grega, de tudo emfim que Manuel Pamplona lhe ensinara ou suggerira debaixo das arvores do Minho ou nos salões dos velhos solares, duma pretenção architectural tão portuguesa e ingenua.

Sim, é certo, concordou Peregrina; sou a obra postuma daquella rapariga que ha vinte annos era alegre! Mas porque não hasde voltar a sê-lo? Remete-te á antiga vida de Lares. Procura-te nas recordações, e esquece algumas horas más, se as tiveste. Todos podem ser felizes, ainda aquelles que os outros suppõem desgraçados. Em Soutello ha um cego que me condoeu quando o vi a primeira vez.

A gente de Traz os Montes tambem reconhecia os seus chefes: está o de Castro de Avelãs. Olha o de Formil! Mais o de Fervença. Tambem o de Castro Samil! E o de Lambeiro branco! o de Soutello. Mais o de Rabal; e o de Alfaião. A gente do Alemtejo mostrava certo orgulho ao apontar para os seus chefes da Orca, de Castro Verde, da Colla, de Castris.

Deixára no espaço nervos, fios quebrados de harmonia... Muito bem, dizia a senhora de Soutello, levantando-se, leve de enthusiasmo, a beijar, carinhosa, a Artista. Soberbo! dizia a Salomé. E orgulhosa: Querias então que fossemos cumplices no teu silencio? Nunca!... E retirando com Peregrina para o vão duma janella: Que alma emprestas á musica! Ainda me lembro da penultima vez que te ouvi tocar.

Thomé, explicou que o pequeno lhe esgarçava os bolsos do casaco, em repelões de fome, pois que era fraco, a missa fôra tarde e elle viera em jejum. E nós, em côro, Peregrina, as senhoras de Soutello, e eu: Que o pequeno tinha razão; fosse o Sr. Thomé repastar-se com a familia, pois era preciosa ao Mosteiro a sua saude. Suspirei de allivio quando o vi longe.

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