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Nas ravinas, cavadas pelas enxurradas de seculos, faiscam riachos innumeraveis: o verde do matto é mais intenso: os outros verdes de jardins entremeiam-se com as plantações d'assucar: e a espaços uma casa muito branca, sorrindo para a azul placidez do mar, põe uma linda nota, humana e domestica, na vastidão da paizagem. Como disse, contavamos dobrar, antes do sol-posto, a ponta de Durban.
Em vão fez que lhe désse o tragico Tiberio o bracelete d'oiro e o annel de cavalleiro. Em vão fugiu, correu todo o romano imperio, a Gallia, a Syria, o Egypto, e o Oriente inteiro, e na Judea viu ao Christo magro e serio, ao sol-posto, expirar, em cima d'um madeiro.
Tingiu-se o céo de sangue, e era sol-posto, Quando eu nasci! Pela manhã, a rosa era mais alva Que a alva lã! E o cravo desmaiou á estrella-d'alva, Pela manhã! Ao longe, o mar se ouviu, leão piedoso, Um ai soltar! Pelas praias, se ouviu gemer ancioso, Ao longe, o mar! Oh roixinol! a ti, nasce-te o dia Ao pôr do sol! Mostre-me a campa a luz que te alumia, Oh roixinol!
Acordo até de noite suspirando Por que rompa a manhã e tenha o gosto De te vêr já tão cedo trabalhando. Desde pela manhã até sol-posto Que não tens de descanço um só momento; Por isso tens tão bella côr de rosto. E eu pallido, Maria! O pensamento Não é trabalho que nos dê saude, Esta imaginação é um tormento.
Ai dos que morrem, que lá vão levados! Ai de nós que ainda temos de viver! Pampilhoza, 1895. Ao Cahir das Folhas Podessem suas mãos cobrir meu rosto, Fechar-me os olhos e compôr-me o leito, Quando, sequinho, as mãos em cruz no peito, Eu me fôr viajar para o Sol-posto. De modo que me faça bom encosto, O travesseiro comporá com geito.
Já havia moscas para pousar no nariz de Adão. O derradeiro homem ha de morrer com uma mosca a zumbir-lhe em torno á face. E talvez haja moscas no Paraiso. Ao sol-posto parámos, esperando que nascesse a lua.
Qual viajante nos desertos, Que nunca a sêde perdeu, Encontrar em vão procuro Amor que se iguale ao meu! Dize que seja ao sol-pôsto Que me devem enterrar, Para do sol e das aves A despedida aceitar. Quero guardar bem guardados Esses mimos de ternura, E dar-t'os quando gelada Baixares á sepultura. Em horas tristes minh'alma Vae ao encontro da tua, Qual nocturno caminhante Ancioso da luz da lua.
Absorvo-me na noite e no misterio; Erro, ao luar, em êrmo cemiterio, Sob as azas geladas do nordeste; Interrogo na vala a sombra do cipreste Rumorosa d'um funebre desgosto, Com gestos espectraes ás horas do sol-posto... E n'um doido, febril deslumbramento, Vejo-me sepultado em pensamento E durmo, durmo, durmo a Eternidade... Subito, acordo e volto á claridade!
Mostra-te bem melhor sua belêsa, Seus verdes olhos de alma, a fronte e o rôsto Que as lagrimas sombrias de tristêsa. Seja alegria eterna o teu desgôsto Corporeo, transitorio! Seja aurora De idilio o teu dramatico sol-pôsto! A alma ajoelha e resa, mas não chora. Memoria, Elisios Campos, Paraiso, Espirituaes Paisagens! Vales de luz, outeiros de sorriso, Onde vivem as misticas Imagens.
Tu és a luz do sol-posto, Tu és a luz da manhã. Tu és a timida corça Que mal se deixa avistar; Tu és a trança que a força Do vento leva no ar.
Palavra Do Dia
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