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Tinha horror a applicar-se... O senhor padre Amaro devia ter a caridade de a persuadir, quando viesse a casa... Mas o parocho não o escutava, todo abysmado n'uma idéa que lhe alumiára a face d'um sorriso. Achára subitamente a explicação natural a dar á S. Joanneira e ás amigas das visitas d'Amelia a casa do sineiro: era a ensinar a lêr a paralytica! A educal-a!

Vou a Lisboa, tenho minha irmã a morrer... E acrescentou com os beiços tremulos d'um chôro que ia romper: Todas as desgraças vêm juntas. Sabe, a pobre Ameliasinha morreu de repente... O sineiro emmudeceu, assombrado. Adeus, tio Esguelhas. a mão, tio Esguelhas. Adeus... Adeus, senhor parocho, adeus! disse o velho com os olhos arrazados d'agua.

As senhoras dir-me-hão talvez, disse o padre Amaro sentando-se de novo, que se trata apenas da filha do sineiro. Mas é uma alma!

Ella entra pela porta do sineiro, pela porta da rua que para o adro. Não passa viva alma, é um ermo. E se alguem visse, nada mais natural, era a menina Amelia que ia dar um recado ao sineiro... Isto, se , é ainda pelo alto, que o plano póde-se aperfeiçoar... Sim, comprehendo, é um esboço, disse Amaro que passeava pelo quarto reflectindo.

Na cozinha não poderiam accommodar-se, porque o quartito da pobre Tótó era ao ... Mas tinham o quarto d'elle, em cima. O padre Amaro bateu com a mão na testa. Não se lembrára da paralytica! Isso estraga-nos o arranjinho, tio Esguelhas! exclamou. Mas o sineiro tranquillisou-o, vivamente.

A filha do sineiro apparecia-lhe agora, exageradamente, abysmada n'uma treva d'agonia. Sentia toda a caridade que haveria em consolal-a, entretel-a, fazer-lhe os dias menos amargos... Esta acção redimiria decerto muitas culpas, encantaria Deus, se fosse feita n'um puro espirito de fraternidade christã!

Amaro, com bondade, consolava o velho: de que servia á desgraçada rapariga a vida para a passar estirada n'uma cama? Sempre era viver, senhor parocho... E eu, veja agora isto, sósinho de dia e de noite! Todos têm as suas solidões, tio Esguelhas, dizia melancolicamente Amaro. O sineiro então suspirava, perguntava pela snr.^a D. Josepha, pela menina Amelia... está na quinta.

Ha cem annos que elle assim vagabundea nas ruinas, sem repouso esse sineiro que amara uma abbadessa; e annos e annos desfilam, e sempre a terra a recusar sepultura ao amante, e sempre a colera de Deus a expungir da sua gloria, o monstro que assassinára o filho, no proprio dia em que elle foi nascido.

Contou-lhe então uma historia diffusa que ia forjando laboriosamente, segundo as sensações que imaginava vêr na face pasmada do sineiro. A rapariga desgostára-se da vida, com as desavenças que tivera com o noivo. Que queria o tio Esguelhas?... Impiedade, alheismo do tempo!

Por todos amar, não amava nenhuma. Comprei o sineiro da Cathedral. Do alto da Giralda, uma noite, possui a cidade, senti que todo o tumulto confuso que até mim chegava, era o seu sangue que pulsava por mim nas suas arterias; aquella resplandecencia, brilho de joias com que cobria a nudez.

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