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O Alberto avançou para ella, apertou-lhe os pulsos violentamente, os olhos injectados d'uma colera animal. Tu não penses que brincas comigo! e sacudiu-a fortemente, com uma rudesa aspera. Ermelinda encarou n'elle com um olhar profundo de desprezo e de colera por se sentir fraca; e depois o corpo enteiriçando-se, muito pallida, a voz com um timbre imperativo: Deixe-me, senhor.

Estava como morta nos sentidos exteriores. Gonçalo exclamou com affectuosa vehemencia: Tu descóras, Maria!? Que tens? Desagrada-te o meu plano!? Responde... Não respondeu, nem desmaiou. Sacudiu-a com brandura o pae, tomando-a para o seio, e osculando-a na fronte. Fala, minha filha! Que sentes tu?

Evocou a figura do tio, com o olhar espirituoso e meigo, e a pilheria grave; em logar d'essa, tão candida e sympathica, a que lhe appareceu foi a do tio morto, estendido na cama, com os olhos abertos e o labio arregaçado. Sacudiu-a do espirito, mas a imagem ficou.

Deu-lhe talvez alguma coisa... Coitadinha! Sacudiu-a de manso, despertou-a. Pela primeira vez muito tempo, teve um gesto de filho, de piedade: ajudou-a com ternura a levantar-se. A pobre criatura erguia uma cara de espanto, de terror. Vê-lo outra vez meigo p'ra ela como dantes, inquietava-a mais que ouvir-lhe insultos. E ali no patamar, sem gestos, fitaram-se, como dois náufragos, segundos.