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A prosa de Sinval tinha a sonoridade rythmica do verso heroico. Possui impressa uma das suas orações proferidas na abertura das aulas medico-cirurgicas. Começava assim: Tem o sanhudo leão falcadas garras, tem a timida lebre agudo ouvido, vista perspicaz a aguia generosa ... São trez hendecassyllabos arcadicos bem feitos, pomposos.

N'aquelle dia andou toda alvoroçada, nervosa, muito inquieta. Olhava muitas vezes o relogio, uma pesada machina de nogueira, a que o Jorge todos os sabbados dava corda, com a phrase rythmica: Tens de comer para oito dias. Parecia-lhe que os seus largos ponteiros de metal se moviam com uma lentidão desesperadora. Teve vontade de o adiantar mas era uma tolice pensou.

Escrevendo, exprimia aquella lassidão numa prosa sua, duma suavidade e rythmica novas, muito senhor de todos os processos, que coava, conscientemente, pelo seu criterio, numa ou outra notula erudita, para se librar, logo, segundo o temperamento, ás creações e pontos de vista proprios. Processos seus, idéas extravagantes, fórmas singulares taes as qualidades e defeitos que o extremavam.

A inspiração do poeta é nobre e ousada, porque é dirigida pelo carinho tutelar da belleza e da humanidade. Elle faz da sonoridade das palavras a escolha mais rythmica, mas quando essa phonetica obedeça doutamente á minucia exigente do seu espirito raro d'estylista alexandrino, ornado, expandido nas bellas lettras. A sua Arte é toda harmoniosa d'ironia; d'essa ironia, d'essa deidade antiga forçando a intelligencia a perdoar aos homens a sua presença ruidosa e feroz, para a posse da mais gentil das coragens: sorrir! Então António Botto não faz da eterna ignorancia uma tortura, mas uma suave piedade. Dentro do mysterio Universal: do seio que sente e concebe, da semente que germina e emsombra, nada será espantoso, nada será extranho. As combinações abstractas o poeta cede as combinações sensiveis; a emoção pura, a sensibilidade consciente, a toada muzical e branda. A sua tranquilla acceitação dos dilêmas ímmutaveis pairando na vida, a sua comprehensão logica, a sua natural intuíção, animam-nos d'um prazer juvenil ao fallar do Artista e das suas Canções. Cantam ellas a tréva do saber mesquinho dos homens, a illusão d'onde nascem as angustias para a posse das venturas, a amizade nos peitos como desenhos pueris na superficie das aguas. Cantam dôces crepusculos, onde o Ideal, na solidão e na morte, é sempre perfeito porque fóge como os Sóes. São canções onde a angustia é uma elegia de condescendencias. O homem nascendo para acreditar e para servir, o seu fanatismo vibra não das verdades mais demonstradas, mas, das illusões mais bellas. Essa illusão é a Arte, essa Arte uma dôce ironia de confôrto bello. E o homem vae sempre imaginando e soffrendo. Entre Platão e Phidias, Lucrecio e Virgilio, os Medicis e Miguel-Angelo, Luiz XIV e Racine, Goethe e Beethoven, existe a mesma comunhão de luminosidade divina, onde Jesus e São Francisco d'Assis, passam amenamente, para fazer reinar no coração dos homens uma esperança sem fim e um encantamento sem verdade. Cantar a bondade ou a belleza humana, é reconsiliar a humanidade com a sua impudicia e o seu egoismo. Impudicia e egoismo, perduraveis razões de todo o sêr humano!

Trepam-lhe pelas janellas Jasmins, cheirosas serpentes, E soltam-se as bambinellas Em pregas indifferentes. Os lyrios que são uns ais Suspiram melancholias; Riem quadros sensuaes Nas largas tapeçarias. Satyro ri nas florestas Niobe soluça magoas, E escuta-se entre as giestas A voz rythmica das agoas. E á luz dubia dos occasos Ensanguentados do Sul As camelias dos seus vasos Olham voltadas o azul.

Palavra Do Dia

stuart

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