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Recordavam-se com exclamações os edificios ardidos, o Hotel de Ville, «tão bonito», a rua Royale, «aquella riqueza». Havia individuos tão furiosos com o incendio das Tulherias como se fosse uma propriedade sua: os que tinham estado em Paris um ou dois mezes abriam-se em invectivas, arrogando-se uma participação de parisiense na riqueza da cidade, escandalisados por a insurreição não ter respeitado monumentos em que elles tinham posto os seus olhos.

Diante de nós, ao trote fino d'uma egoa de luxo, passára vivamente, para os lados da rua Royale, um coupé onde entrevi, na penumbra dos setins que o forravam, uns cabellos côr de mel. Vivamente tambem, Fradique sacode o meu braço, balbucia um «adeus!», acena a um fiacre, e desapparece ao galope arquejante da pileca para os lados do cães d'Orsay. «Mulher!», pensei eu.

Depois, ao dobrar da rue Royale para a Praça da Concordia, topei com um robusto e possante homem, que estacou, ergueu o braço, ergueu o vozeirão, n'um modo de commando: Eh, Fernandes! O Grão-Duque! O bello Grão-Duque, de jaquetão alvadio e chapeu tyrolez côr de mel! Apertei com gratidão reverente a mão do Principe, que me reconhecera. E Jacintho? Em Paris?...

Fradique, que soffria de repugnancias intolerantes, não se quiz cobrir com o agasalho d'aquelle official rabugento e catarrhoso, e atravessou a praça da Concordia a , de casaca, até ao club da Rue Royale.

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