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E que mais de uma vez tenho fallado em Roteiros, convem dizer uma distincção que deve ser feita no emprego d'esta palavra nos seculos anteriores.

Esses livros, os mappas de Valseca, as narrativas e roteiros dos pilotos, as rudes cartas maritimas, faziam vergar as mesas, a que o infante, tendo ao lado o seu cosmographo, Jayme de Mayorca, então celebre, rodeado de discipulos, passava os dias a discorrer, as noutes a interrogar, silenciosamente, os enygmas propostos nos textos e desenhos.

Estes roteiros eram, pois, propriamente a derrota ou antes o relatorio da viagem, segundo a nomenclatura actual; e assim eram os famosos Roteiros de D. João de Castro e tantos outros que se têem publicado, alem de muitos que provavelmente se perderam ou que se acham ineditos . mais tarde é que se começou a escrever Roteiros na outra accepção do termo, unica que elle hoje tem.

Faustino da Fonseca em doações feitas pelos reis portuguezes aos primeiros navegantes que sulcaram o Atlantico, em tratados de limites, em correspondencias officiaes, roteiros, mappas, relações, cartas de testemunhas dos acontecimentos e outros documentos que o autor, no seu louvavel ardor patriotico, foi descobrir e copiar com uma paciencia de benedictino nos archivos hespanhóes e açorianos e na Torre do Tombo.

Esses então consistiam nas indicações para se navegar em demanda de determinadas paragens, marcando as melhores epochas, os accidentes physicos que em cada uma d'ellas se encontravam, as precauções a tomar, o modo de buscar a terra, as conhecenças d'ella; d'esta especie de roteiros, evidentemente derivada da primeira, alguns haveria ao principio manuscriptos que servissem para uso dos pilotos; depois imprimiram-se e passaram a ter mais frequente emprego.

E dizendo-lhe nós como fôra acclamado el-rei D. João IV, e os milagrosos successos d'aquelle dia, não cessava de mostrar o gozo, que interiormente sentia: e logo repetindo novas lagrimas, suspiros, e soluços, nos perguntou pela conquista de Africa, ao que respondemos dando-lhe conta, do que sabiamos, e como desde a batalha, que perdera el-rei D. Sebastião, se não continuára, tomando-se horror a tal terra: e desejosos nós de sabermos com quem tratavamos, lhe pedimos nos consolasse, dizendo-nos, quem o levára áquella ilha incognita, e não arrumada nas cartas, e roteiros; ao que satisfez com taes palavras: «No tempo, que Philippe II entrou com violencia em Portugal, se retirou muita gente, por não vêr o seu reino recuperado das mãos dos mouros pelos nossos ascendentes, sem ajuda dos visinhos, sujeito a principe estranho.

E mais de um seculo depois João de Barros escrevia: «No tempo em que o Infante D. Henrique começou o descobrimento da Guiné, toda a navegação dos mareantes era ao longo da costa, levando-a sempre por rumo; da qual tinham suas noticias por signaes de que faziam roteiros, como ainda ao presente usam em alguma maneira, e para aquelle modo de descobrir isto bastava» .

Se não o seguimos nesta parte, é porque adoptando a legua de 5.555 metros reduzimos facilmente as medições de Gibbon, avaliadas em milhas maritimas, e sobretudo porque, referindo-nos frequentemente aos roteiros da Bolivia, era a que mais convinha por ser a de valor mais aproximado ao da boliviana, que como foi dito tem 5.564 metros.

A Antonio de Mariz segue-se a dynastia dos Pimenteis, nome bem conhecido de todos nós. O primeiro foi Luiz Serrão Pimentel, que exerceu o cargo de cosmographo-mór desde 1647 até 1687, e escreveu Roteiros e a Arte pratica de navegar, publicada por seu filho.

Os seus tres Roteiros são tres maravilhas do engenho humano; quanto mais se estudam, mais se encontram n'elles motivos para admiração, tanta é a luz que irradia d'aquellas paginas, onde não ha segredo do mar, portento da terra ou meteoro do céu, que não seja descripto e para o qual se não procure cabal explicação.