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Algumas vezes Ronquerolle ouvia os seus visinhos dos fauteuils de orchestra interrogarem-se. Quem é, diziam elles, aquella linda mulher, que occupa o segundo camarote do lado esquerdo, aquella que ostenta nos cabellos uma formosa estrella de diamantes?

Nenhum jornal falou em suicidio, e o infortunado marquez passou aos olhos do publico por ter succumbido á ruptura d'uma aneurisma, como o «Figaro», habilmente tinha noticiado. A policia conhecendo a verdade não guardou menos o segredo. Os intimos d'alguma cousa desconfiaram, assim como os creados, mas precisavam da marqueza e calaram-se. Ronquerolle soube pela marqueza de tudo o que se passára.

Áquelles que se lhe approximavam e que o interrogavam respondia que era necessario esperar para a ultima hora para poder inclinar-se definitivamente para um dos partidos. Uma colera estranha se apoderara do barão. Sentia-se indisposto com todo o mundo; contra o marquez, contra a marqueza, contra Ronquerolle e até contra si proprio.

A marqueza nunca suppoz que seu marido tinha lido as cartas de Ronquerolle, e que se havia suicidado louco de desespero, comprehendendo que nunca seria amado por ella. Atribuiu realmente aquelle suicidio, como outras pessoas que d'elle tiveram conhecimento, aos grandes aborrecimentos que lhe tinha causado a sua derrota politica.

Ronquerolle, porém, nem via a Assembleia, esquecêra os seus collegas, os seus inimigos da direita da Camara e os seus amigos da esquerda; não via mais ninguem pelo espirito, senão a sua bella Carlota, a sua conquista, a sua felicidade, o seu thesouro, a sua vida. Queria conquistar a inteligencia d'aquella mulher que adorava, como havia conquistado o seu coração e os seus beijos.

Ao mesmo tempo que os adversarios de Ronquerolle o submettiam a essa vergonhosa e ignobil observação dos agentes da policia secreta, o inimigo da marqueza de la Tournelle não dormia tambem. Mais enraivecido que nunca, o barão de Quérelles tinha resolvido, elle tambem, fazer passar a bella Carlota por uma espionagem assidua.

Pois quê! a sua vida estava terminada, ella ia desapparecer da scena do mundo sem ter visto acabar a primavera, sem ter colhido as flôres d'essa estação, sem ter repousado sob os ridentes arvoredos, sem ter conhecido o verão abrasador, nem o outomno fecundo!... Tres mezes decorreram n'estas angustias moraes. Ronquerolle foi admiravel de dedicação.

Erguendo os olhos para o lado das tribunas reservadas, Ronquerolle viu a sua amante.

Á medida que proseguia na leitura o marquez sentia como que um punhal a atravessar-lhe o coração. Comprehendeu emfim todo o seu infortunio. Sua mulher tinha um amante e esse amante era um republicano, e esse republicano era o seu rival politico, o seu implacavel inimigo, aquelle a quem tinham por habito chamar o cidadão Ronquerolle.

Por outro lado o continuar em Saint-Martin lhe parecia tambem insupportavel e por isso partira, sem demora, para a Suissa, em companhia do conde de Orgeffin. Ronquerolle, em vista da sua nova situação, alugara uma bôa habitação perto dos Invalidos, ficando estabelecido que Branche seria seu secretario e rezidiria com elle. Quanto a Maupertuis e a Didier installar-se-hiam nas immediações.

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