United States or Dominica ? Vote for the TOP Country of the Week !


Minha senhora, é o senhor parocho! gritava, na alegria de vêr emfim uma visita querida, um amigo da cidade, n'aquelle desterro da Ricoça. Levou-o logo para o quarto de D. Josepha, ao fundo da casa, um quarto enorme, onde, n'um pequeno canapé perdido a um canto, a velha passava os dias encolhida no seu chale, com os pés embrulhados n'um cobertor. Oh, D. Josepha! Como está? Como está?

Desde esse dia a Gertrudes dormia ao d'ella e a voz não tornou a ameaçal-a por traz da barra. Mas, de noite e de dia, não a deixou mais a idéa da morte e o pavor do inferno. Por esse tempo, um vendedor ambulante d'estampas passou pela Ricoça; e a snr.^a D. Josepha comprou-lhe duas lithographias a Morte do Justo e a Morte do Peccador.

A voz calou-se; e Amaro, espreitando, viu então um vulto que parecia embrulhado n'um chalemanta claro, parado, contemplando as janellas da Ricoça. Um furor de ciume apossou-se d'elle, e ia saltar e atacar o homem quando o viu seguir tranquillamente ao comprido da estrada, de charuto alto, trauteando: Ouves ao longe retumbar na serra O som do bronze que nos causa horror...

A Amelia vai-lhe servir de enfermeira! Vão ambas sós! e na Ricoça, n'aquelle buraco onde não vai viva alma, n'aquelle casarão onde póde uma pessoa viver sem que ninguem em roda suspeite, é que a rapariga tem o filho! Hein, que lhe parece? O conego erguera-se com os olhos redondos d'admiração. Homem, famosa idéa!

Vendo-a sempre tão tristonha, interessára-se por ella; para Amelia, as visitas do abbade eram uma distracção, n'aquella solidão da Ricoça; e assim se iam familiarisando, a ponto que nos dias em que elle regularmente vinha, Amelia punha um mantelete e ia pelo caminho dos Poyaes esperal-o até junto á casa do ferrador.

Atirava-se então para a almofada, tapando o rosto com as mãos: Ai, pobre de mim, meu querido filho, pobre de mim! Cala-te, que vem gente! dizia-lhe Amaro furioso. Ah, aquellas manhãs na Ricoça! Eram para elle como uma penalidade injusta. Ao entrar tinha de ir á velha escutar-lhe as lamurias.

Quem vive alli? perguntou João Eduardo ao lacaio. Uma Carlota... gente, snr. Joãosinho! Ao passar na Ricoça, João Eduardo, como sempre, poz a passo a egoa baia. Mas não viu por traz dos vidros a costumada face pallida sob o lenço escarlate. As portadas da janella estavam meio cerradas; e ao portão, desatrellado com os varões em terra, o cabriolet do doutor Gouvêa.

O parocho então sentou-se, bocejou, e estirando as pernas disse: Bem, Dionysia, vejo que a unica coisa a fazer é fallar á tal ama que vive ao da Ricoça, á Joanna Carreira. Eu arranjarei isso...

O conego Dias recommendára muito a Amaro que ao menos nas primeiras semanas, para evitar as suspeitas da mana e da criada, não fosse á Ricoça. E a vida d'Amaro tornou-se então mais triste, mais vazia que outr'ora, quando pela primeira vez deixando a casa da S. Joanneira viera para a rua das Sousas.

Palavra Do Dia

sentar-nos

Outros Procurando