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Era com effeito João Eduardo, que sempre que passava pela Ricoça, de dia ou de noite, parava um momento a olhar melancolicamente as paredes que ella habitava. Porque apesar de tantas desillusões, Amelia permanecera para o pobre rapaz a ella, a bem amada, a coisa mais preciosa da terra.

Apertou silenciosamente as mãos em redor e emquanto os cavalheiros recolhiam á cidade, o padre Amaro foi trotando pela estrada, que escurecia, para a estação de Chão de Maçãs. Ao outro dia, pelas onze horas, o enterro d'Amelia sahiu da Ricoça. Era uma manhã aspera: o céo e os campos estavam afogados n'uma nevoa pardacenta; e cahia, muito miuda, uma chuva regelada.

Fôra tambem por esse tempo que o doutor Gouvéa começára a vir á Ricoça, porque D. Josepha tinha peorado com os dias mais frios do outono. Amelia, ao principio, á hora da visita, fechava-se no seu quarto, tremendo á idéa de vêr o seu estado descoberto pelo velho doutor Gouvêa, o medico da casa, aquelle homem d'uma severidade legendaria.

Mas o doutor Gouvêa desapprovou a jornada. O ar muito picante e muito rico do mar não convinha á fraqueza de D. Josepha. Era preferivel irem para a quinta da Ricoça, nos Poyaes, logar abrigado e muito temperado. Foi um desgosto para o pobre conego, que prodigalisou as lamurias. O quê! ir enterrar-se todo o verão, o melhor tempo do anno, na Ricoça! E os seus banhos, meu Deus, os seus banhos?

Muito boas tardes, senhor abbade. Amaro não entrou na Ricoça. Voltou para a cidade sob a chuva que batia forte agora. E, apenas em casa, escreveu uma longa carta a Amelia, em que lhe contava a scena com o abbade, acabrunhando-o d'accusações sobretudo de lhe trahir indirectamente o segredo da confissão. Como das outras, d'esta carta não veio resposta da Ricoça.

Não vai!? Foi então que o conego lhe explicou que a mana não podia ir para a Ricoça, e que elle tinha pensado em mandar com ella Amelia... Era uma idéa que lhe viera n'essa manhã. Eu não posso ir, tenho de tomar os meus banhos, a senhora bem sabe... A pobre de Christo não ha de estar para , com uma criada. Portanto... A S. Joanneira teve um silenciosinho desconsolado: Isso é verdade.

Foi necessario abrir ao Libaninho, apertar-lhe a mão, offerecer-lhe uma cadeira. Mas o Libaninho felizmente não se podia demorar. Passára na rua, e subira a saber se o amigo parocho tinha noticias d'aquellas santinhas da Ricoça. Vão bem, vão bem, disse Amaro que obrigava a face a sorrir, a prazentear.

Acabe, creatura... Escute. O senhor vai p'r'á Vieira, e a S. Joanneira, está claro, vai tambem. Naturalmente alugam casa um ao do outro, como ella me disse que tinham feito ha dois annos... Adiante... Bem. Aqui temos a S. Joanneira na Vieira. Agora, a senhora sua mana parte p'r'á Ricoça. E então a creatura ha de ir ? Não! exclamou Amaro em triumpho. Vai com a Amelia!

Mas anciava por ter a criança. Estremecia á idéa de vêr um dia inesperadamente a mãi apparecer na Ricoça. Ella escrevera-lhe, queixando-se do senhor conego que a retinha na Vieira, dos temporaes que reinavam, da solidão que se ia fazendo na praia.

Ella conhecia uma boa, mulher forte e de muito leite, pessoa de confiança; mas infelizmente entrára no hospital, doente... Sabia d'outra tambem, até tivera negocios com ella. Era uma Joanna Carreira. Mas não convinha porque vivia justamente nos Poyaes, ao da Ricoça. Qual não convém! exclamou o parocho.

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