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A tão requebrado conceito os amigos romperam em vivas a Gonçalo, á Casa de Ramires. E o Fidalgo recolhendo á Torre, commovido, pensava:

Era no castello de Santa Ireneia, n'aquelle dia de Agosto em que Lourenço Ramires cahira no valle de Canta-Pedra, mal ferido e captivo do Bastardo de Bayão. Pelo Almocadem dos peões, que, com o braço varado por uma chuçada, voltára em desesperada carreira ao Castello, Tructezindo Ramires conhecia o desventuroso desfecho da lide.

E nem consentiu que a suja carta das Louzadas desmanchasse a quieta manhã de trabalho para que se preparára desde o almoço, relendo trechos do Poemeto do Tio Duarte, folheando artigos do Panorama sobre as guerras de muralhas no seculo XII. Com um esforço d'attenção erudita abancou, mergulhou a penna no tinteiro de latão que servira a trez gerações de Ramires.

No cerco de Tavira, Martim Ramires, freire de San-Thiago, arromba a golpes de acha um postigo da Couraça, rompe por entre as cimitarras que lhe decepam as duas mãos, e surde na quadrella da torre albarran, com os dous pulsos a esguichar sangue, bradando alegremente ao Mestre: «D. Payo Peres, Tavira é nossa!

Sob os dedos de Gracinha o Fado dos Ramires esmoreceu, apenas roçado, n'um murmurio incerto. O Barrôlo esperava, esgaseado: Desembucha! E Gonçalo desabafou, com estrondo: Pois uma maroteira immensa, homem! O Noronha, o pobre Noronha, perseguido, espesinhado, expulso! Com a familia... Para o inferno, para o Algarve! O Noronha pagador? O Noronha pagador. Foi o infeliz pagador que pagou!

E annunciou ao Patriota que, positivamente, lhe assegurava para o primeiro numero dos *Annaes* a Novella, a que decidira o titulo a Torre de D. Ramires: Que lhe parece?

E, passeando ambos em torno das fontes seccas do Rocio, Castanheiro, que sobraçava um rolo de papel e um gordo folio encadernado em bezerro, depois de recordar as cavaqueiras geniaes da rua da Misericordia, de maldizer a falta de intellectualidade de Villa Real de Santo Antonio voltou soffregamente á sua Idéa, e supplicou a Gonçalo Mendes Ramires que lhe cedesse para os *Annaes* esse Romance que elle annunciára em Coimbra, sobre o seu avoengo Tructesindo Ramires, Alferes-mór de Sancho I.

Era com esse sombrio feito do seu vago avoengo que Gonçalo Mendes Ramires decidira em Coimbra, quando os camaradas da *Patria* e das ceias o acclamavam «o nosso Walter Scott», compôr um Romance moderno, d'um realismo épico, em dous robustos volumes, formando um estudo ricamente colorido da Meia-Edade Portugueza... E agora lhe servia, e com deliciosa facilidade, para essa Novella curta e sobria, de trinta paginas, que convinha aos *Annaes*.

Que fizeste? Enterrei na ilharga do Snr. Governador Civil a minha bôa penna de Toledo, até á rama! O Barrôlo, impressionado, beliscava a pelle do pescoço. O piano emmudecera: mas Gracinha não se movia do môcho, com os dedos entorpecidos nas teclas, como esquecida deante da larga folha onde se enfileiravam, na lettra apurada do Videirinha, as quadras triumphaes dos Ramires.

E, emquanto todos riam, D. Maria Mendonça, debruçada para elle, por traz do leque largamente aberto, murmurou: O Primo está com esses deprezos... Pois eu sei d'uma senhora que tem a maior admiração pela casa de Ramires e pelo seu representante. Gonçalo enchia de novo o copo, com amor, attento á espuma: Bravo! Mas «convém distinguir», como diz o Manoel Duarte.

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