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Alguns vendilhões bestiaes apanhavam torrões seccos a que misturavam cuspo, para arremessar ao Rabbi: uma pedra por fim passou, resoou cavamente no madeiro. Então o Centurião correu, indignado; a folha da sua larga espada lampejou no ar; e o bando recuou blasphemando emquanto alguns embrulhavam na ponta do saião os dedos que escorriam sangue. Nós acercámo-nos de José de Ramatha.

Soffreu quando lhe trespassaram as mãos... Mais ainda ao erguer da cruz... E repelliu primeiro o vinho de Misericordia, que lhe daria a inconsciencia... O Rabbi queria entrar com a alma clara na morte por que chamára!... Mas José de Ramatha, Nicodemus, estavam vigiando.

O vinho narcotisado fôra bem preparado pela mulher de Rosmophim, que é habil e conhece os simples... Eu tinha fallado ao Centurião, um camarada a quem salvei a vida na Germania, na campanha de Publius. E, quando rolámos a pedra sobre o tumulo de José de Ramatha, o corpo do Rabbi estava quente!

E por traz de nós, Phariseus e Sadduceus que se tinham juntado estranhavam com azedume que José de Ramatha, um membro do Sanhedrin, assim solicitasse o corpo do Rabbi para o perfumar e lhe fazer soar em torno as flautas e os prantos d'um funeral... Um d'elles, corcovado, com esfiadas melenas luzidias d'oleo, affirmava que sempre conhecera José de Ramatha inclinado para todos os innovadores, todos os sediciosos... Mais d'uma vez o vira fallar com esse Rabbi junto ao campo dos Tintureiros... E com elles estava Nicodemus, homem rico que tem gados, que tem vinhas, e todas as casas que estão d'ambos os lados da Synagoga de Cyrenaica...

Ainda trémulo, sem me desamparar do sapiente Historiador, ousei balbuciar: E Jesus?... Onde está? Em casa de José de Ramatha, segredou o Essenio espreitando em roda como o avaro que falla d'um thesouro. Para que nada suspeitasse a gente do Templo, mesmo na presença d'elles depositámos o Rabbi no tumulo novo que está no horto de José.

Quem reclamou o corpo d'este homem? gritou, procurando para os lados, o Centurião. Eu, que o amei em vida! acudiu Joseph de Ramatha, estendendo por cima da corda o seu pergaminho. O escravo que esperava junto d'elle depoz logo no chão a trouxa de linho e correu para as ruinas do casebre onde as mulheres choravam entre as amendoeiras.

Elle, acalmado, estendera as mãos a um vendedor d'agua, que lh'as purificava com um largo jorro do seu ôdre felpudo: depois limpando-as á toalha de linho que lhe pendia do cinto: Escutai! José de Ramatha reclamou o corpo do Rabbi, o Pretor concedeu-lh'o... Esperai-me á nona hora romana no pateo de Gamaliel... Onde ides?

Topsius deteve-o, com avidez: Escuta! Preciso toda a verdade. Que fizestes depois? O homem parou junto a um dos pilares de madeira. Depois, alargando os braços na escuridão, e tão perto das nossas faces que eu sentia o seu bafo quente: Era necessario, para bem da terra, que se cumprissem as prophecias! Durante duas horas José de Ramatha orou, prostrado.

E o que levemente sahia dos seus finos labios retumbava, terrivel e enorme, cahindo sobre o meu coração: Depois d'ámanhã, quando acabar o Sabbath, as mulheres de Galilêa voltarão ao sepulchro de José de Ramatha onde deixaram Jesus sepultado... E encontram-no aberto, encontram-no vazio!... «Desappareceu, não está aqui!...» Então Maria de Magdala, crente e apaixonada, irá gritar por Jerusalém «resuscitou, resuscitou!» E assim o amor d'uma mulher muda a face do mundo, e uma religião mais á humanidade!

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