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Adalberto sentiu-o, e começou a ter esperança n'ella, sobretudo quando ella, levantando-o e cobrindo-lhe a cabeça com as suas trigueiras e lindas mãos disse sorrindo e graciosa: Pois sim, avó, elle não torna mais. Melhor para elle, respondeu Praxedes, que começou o horroroso vestuario da criança, tirando-lhe o fato simples, mas fino e limpo, que podia fazer conhecer a sua origem.

Ainda que nunca tivesse visto outra casa repugnava-lhe por instincto tudo quanto ali se dizia e fazia. O seu aspecto era d'uma outra origem, e ella propria o sentia tão bem que evitava quanto possivel de pedir qualquer coisa á velha Praxedes, tanto lhe custava chamar-lhe avósinha.

Quanto aos outros dois, foram mansos como cordeiros, e promptamente cumpriram o que mandou Praxedes; mas o pequeno de Valneige notou, que nem a velha nem Gella disseram como Rosinha sempre dizia: Vamos, meus meninos, ponham-se de joelhos e digam a sua reza. Não, pensou elle, ninguem aqui reza a Nosso Senhor; é sem duvida porque o não conhecem.

Azedada pela fadiga, pela miseria, e pelos incommodos da idade, era o verdadeiro typo de tyranno da companhia. Praxedes queria mal a todos. Embirrava com seu genro a quem chamava o homem de ferro, e que ella detestava; com Gella, que não lhe tinha respeito algum; com seu neto Karik, que lhe resistia praguejando como seu pae.

Sendo elle um estorvo, como dizia a velha Cigana, deixaram-no socegado; mas tendo acordado cedo, fingiu que estava dormindo e não se mexeu, ganhando assim tempo, e reparando disfarçadamente n'algumas scenas intimas. A velha Praxedes parecia apenas respirar; mas, as poucas forças que lhe restavam, eram misturadas com uma agitação que a atormentava, e aos outros tambem.

Esta bonita criança de dez annos, cuja robusta natureza havia triumphado dos maus tratos, tinha uma vida digna de compaixão. Praxedes sobretudo não cessava de lhe fazer sentir, que ella não era mais do que um ganha pão. A sua natural docilidade tornada inercia pela sujeição, não a desarmava e muitas vezes a irritava.

O querido pequeno abriu os olhos, olhou de roda de si como para procurar sua mãe, e disse lavado em lagrimas e muito humildemente: Senhora, deixe-me voltar para casa da mamã, se faz favor. Uma gargalhada formidavel acolheu esta supplica de criança, e, juntando a ironia á crueldade, a velha Praxedes exclamou: Vai para casa de tua mamã, vai, corre, anda vai!

Praxedes contentava-se de lhe fallar brutalmente, como se não falla a um animal. Exigia, d'esta criança de oito annos uma attenção constante para obedecer ao menor gesto. Quando a pobre pequena tinha commettido alguma falta de vigilancia ou de promptidão, davam-lhe por castigo menos de comer. Natchès era uma victima.

Emquanto Natchès e Tilly se deitavam, um na estreita enxerga que partilhava com Karik, e a outra aos pés da cama de Praxedes, Adalberto lembrou-se que não tinha rezado a sua oração da noite, elle que conhecia Nosso Senhor. Mas o seu terror era tal que não ousou pôr-se de joelhos.

Viu-se despojado de tudo quanto usava; teve de vestir uma das grossas camizas de Natchès, as feias e curtas calças, e aquelle casaco sujo e ridiculo, que lhe dava o ar d'um velho que não cresceu. O mestre fez signal para lhe não cortarem os cabellos. Quando acabou este feio vestuario, Praxedes metteu uma grande tesoura no cabello loiro e fino de que a senhora de Valneige tanto gostava.

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