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Desde que o antigo condado portucalense, batido na sua tendencia de absorver a Galliza, conquistava a região de entre Mondego e Tejo, chegando a avançar padrastos ameaçadores para o sul, era evidente que um novo Estado se formava; e esse Estado nascia dos actos proprios do conde portuguez, não de concessões ou beneficios do suzerano.

O condado portucalense, creado nos ultimos annos do XI seculo a favor do conde borguinhão D. Henrique, genro de Affonso VI, pouco tempo existiu sob o regime de uma vassallagem indiscutidamente reconhecida.

A tentativa foi coroada de exito feliz, e Sesnando recebeu do soberano leonez o governo d'esta nova provincia, acrescentada com a terra portucalense ao sul do Douro.

Com effeito Affonso VI deu a Raymundo sua filha Urraca, com o governo de Galliza e da terra portucalense, e Henrique casou com D. Tareja, filha natural do rei e de Ximena Nunes ou Muniones, obtendo com esta alliança o governo do districto de Braga sob o commando de Raymundo. O casamento foi celebrado antes do anno de 1095.

A terra chamada portucalense era conhecida com este nome desde o meado do seculo XI. Tinha por limites ao norte o rio Minho, e ao sul o Mondego, comquanto as armas christãs tivessem por mais do que uma vez chegado ao Tejo, e mesmo tomado Lisboa, como fica dito. Lamego, Vizeu e Ceia eram as terras mais consideraveis da fronteira oriental.

Assim, o vencedor de hoje podia facilmente ser o vencido de ámanhã, e nenhum dos belligerantes ficaria nunca tão poderoso, que se lembrasse de attentar contra a soberania de Henrique. Entretanto brotavam e florescíam na terra portucalense os elementos de independencia, que mais tarde deviam produzir a formação da nacionalidade portugueza.

O marido de D. Tareja possuia tambem todos os bens pertencentes á corôa de Leão, que estavam situados dentro dos limites designados. Devia ser concessão de Affonso VI. O territorio portucalense coube a Henrique de Borgonha como dote de sua mulher? Foi-lhe dado como governo ou como estado expressamente separado da corôa de Leão em favor dos noivos?

Não nos levantámos contra ella como lusitanos opprimidos: nós nem tinhamos a menor idéa de que fossemos lusitanos, ou qualquer outra cousa. A população do condado portucalense, ibera, cruzada de celtas, romanisada, submettida ao governo dos godos, depois aos arabes, e finalmente ao monarcha leonez, não podia ter decerto um sentimento de cohesão collectiva ou nacional, incompativel com o estado da sua cultura, com a tradição, e com a situação social e politica: é isso o que todos os documentos historicos nos revelam. «Portugal, diz o snr. Herculano, nascido no XII seculo em um angulo da Galliza, dilatando-se pelo territorio do Al-Gharb sarraceno, e buscando até augmentar a sua população com as colonias trazidas de além dos Pyreneus, é uma nação inteiramente moderna

O primogenito que se chamava Sancho, subiu ao throno de Castella: Affonso foi proclamado rei de Leão e das Asturias, Garcia poz na cabeça a corôa de Galliza e da terra portucalense até ao rio Mondego. Urraca governou Samora; e Elvira foi soberana de Toro; ambas com o titulo de rainhas, como era de uso então. A paz entre Castella e Leão não foi duradoura.

Era essa a epocha em que a Hespanha tendia a constituir-se n'um systema de Estados independentes, á medida que successivas regiões iam saíndo de sob o dominio musulmano para o dos descendentes dos godos asturianos, ou dos seus actuaes alliados; e o condado portucalense obedecia a esta tendencia geral, no empenho que o seu conde não mais encobriu desde a morte do sogro.