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O rapaz, olhando-a, sentiu subir-lhe do largo peito um soluço doloroso. Meteu-se na sombra duma porta e deixou-a passar, avergada ao pêso da tristeza e do remorso do seu pecado sinistro. Estremecia de horror como se a visse ainda na noite demoníaca, cuja lembrança o perseguia como uma ideia fixa de monomaníaco. Como podia ser feiticeira uma rapariga tão linda, tão alegre, tão sincera?!...

Estas phrases duras e hervadas batiam tão pungentes no peito da atormentada mulher, que o padre, olhando-a compassivo, imaginou vêr-lhe no rosto a lividez cadaverica da mãe que morrêra thysica. Acercando-se então d'ella com brandura e lagrimas na voz, continuou: Snr.ª D. Julia, peço-lhe emenda de vida... Não sei que mais possa nem deva pedir-lhe. Promette-me, senhora, promette nunca mais...

Isto em mim é loucura! Ao tom affectuoso e triste d'estas palavras dissipou-se a hesitação de Bertha, que correu a ajoelhar-se junto do velho, pegando-lhe nas mãos enternecida: Não diga isso, snr. D. Luiz. Eu bem sei que eram impaciencias de doente. D. Luiz segurou-lhe a cabeça entre as mãos e, olhando-a fixamente, murmurou: Pobre criança! Fiz-te chorar!

Pudera! Se imaginas que me havia de perder por tua causa! Está claro que quiz!... E olhando-a d'alto, fazendo-lhe sentir um desprezo d'alma muito recta: Mas nem vergonha tens de mostrar a alegria, o furor de ir para o homem!...

Mas deixae que uma lagrima sincera Possam os olhos dar, olhando-a, á terra De onde a primeira vez aos céos se foram. Sim, vêr-te, Portugal! eu chóro ao ver-te!... Como ao Leão gigante do Occidente Lhe cáe a garra, e em nada se converte!... Não é isto o que eu chóro: o que me dóe,

O nome de Hugo; Hugo, o filho da pobre e linda Branca, Que o principe illudiu, e sem piedade Depois abandonou! Hugo, seu filho, Fructo innocente de um amor culpado! Azo arranca o punhal, mas pára olhando-a! Quem podera immolar um ser tão bello?! Oh! ninguem! Apesar do negro crime, Da nefanda traição, faltam-lhe as forças, Ao contemplal-a assim adormecida.

Depois d'um momento de silencio, olhando-a de revez, accrescentou:

Tinha visto com as mais sombrias côres o futuro que a sorte lhe reservava e por isso chorava. Não chores assim, supplico-te! disse-lhe Ronquerolle, olhando-a ternamente. Commoves-me profundamente com as tuas lagrimas. O que pode affligir-te assim?! Julgavas-me adormecida e no entanto eu estava acordada, respondeu Emilia. Conheço os teus projectos e os dos teus amigos. Ouvi o que disseram ha pouco.

E olhando-a esqualida e apenas com os ossos cobertos por uma péle resequida e empergaminhada, Manoela pensava com amargura na linda rapariga que ella fôra, segundo lhe contara Madre Angelica, amada com paixão, amando com loucura, vítima de interesses e preconceitos alheios, um dia rebelde e desvairada rompendo com todas as peias, logo humilhada e cheia de remorsos, entrepondo-se voluntariamente á vida que engeitara, num terror atavico de escravo que não sabe o que hade fazer á liberdade, com sacrificios heroicos.

O fidalgo sorriu com brandura e, passando a mão tremula pelos fartos cabellos de Bertha, disse-lhe, olhando-a com sympathia: Mas que dirá teu pae? A estas palavras Bertha dirigiu para a porta do quarto um olhar indiscreto, olhar que despertou suspeitas no espirito de D. Luiz e o obrigou a seguir com a vista a mesma direcção.

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