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Procurou no armário, procurou... Era a faca de bordo, numa bainha de coiro puído. Pô-la â cinta e partiu com um andar mais firme, resoluto, como se a bordo, fôsse fazer um quarto em noite . Outra vez seguiu pelo corredor, até ao quarto de minha mãe, que o esperava. Sem bater, entrou: parou a olha-la. Tinha os cabelos desfeitos, muito branca, num robe-de-chambre que abriu ao vê-lo entrar.

Todo um mundo cabe na cabeça d'um pobre doido. Estarrecida de pavôr, eu ficára-me a olha-la muito fixamente, a seguir o estranho espectaculo. Agarrava-me ás grades da varanda, como se n'uma vertigem algum vento de loucura me fosse levar tambem. Que terror infantil! N'um empedramento de irresolução pela piedade e pelo espanto, eu permanecia alli, sem gritos na bocca e sem lagrimas nos olhos! O meu pequeno coração modelava-se dolorosamente n'uma concentração profunda do soffrimento alheio!

De princípio apenas percebera o estertor rouco, que fazia arfar o seu corpinho mumificado, e uma frouxa mão muito pálida, que apanhava, inconsciente, a roupa da cama. Depois, com os olhos afeitos á quasi obscuridade em que me encontrava, fitei-a com terror e não podia, por mais que quizesse, deixar de olhá-la, num crescendo de angustia que me apertava a garganta e me comprimia o coração.

Dava longos passeios, como se pretendesse extenuar-se, acalmar a agitação permanente do seu espírito. Foi precisamente numa destas caminhadas nocturnas que uma vez, insensivelmente, se surpreendeu defronte da morada de Nuno, mergulhada em sombra e mudez. Parou a olhá-la como se quisesse lobrigar nas vidraças reflexos de luz interior que denunciasse a presença de sêres vivos.

Decerto tu viste ao sol-poente, O mar beijar a areia de mansinho. Parado, a olha-la docemente, Num grande sonho, louco, de carinho. Depois é densa a treva. O mar é louco. E briga com a areia, encapelado. Embravecido cança, e pouco a pouco, Soluça a grande dôr dum revoltado! Assim, houve luar e noite escura, N'aquela doce noite de amargura, Misterio indefinido que profundo!

E que direi então da voz harmoniosa, D'essa voz penetrante, angelica e maguada?! Ouvi-la, era sentir uma pét'la de rosa A roçar o ouvido, em voz cristalizada. E tudo era um contraste excentrico, distinto, Tinha o poder do Inferno e o enlevo dos archanjos, Olhá-la era sentir a embriaguez do absintho, Ouvi-la era escutar a propria voz dos anjos.

Palavra Do Dia

stuart

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