United States or Kosovo ? Vote for the TOP Country of the Week !


Muitos outros louvores, Serenissimo Rei, apontaria de vossas mui singulares obras, e virtudes mui compridas, se tão facil me fosse poder-lhe dar cabo, quão facil me é achar-lhe começo, e se a elle não aprouvera faze-los mais sobidos, e manifestos por vossas obras, do que poderiam ser por minhas palavras, mas hi ficará tempo, e lugar para com sua graça se poderem dizer em vossa Chronica mais compridamente, com todo, Senhor, é-me forçado dizer ainda de vossas virtuosas obras uma necessaria á presente materia, a qual é, mandar-me V.A. mui afficadamente, que os notaveis feitos dos mui esclarecidos Reis vossos Antecessores, escritos, e postos por negligencia de Escritores, ou culpa dos tempos, não em menos polida, mas ainda em desordenada, e acerca não achada memoria, os quizesse ordenar, e escrever, e quasi trespassar, e a mais honrados Jazigos, e sepulturas, como é meu desejo para vosso serviço, e na confiança que me nesso V. A. mostra muito para folgar, mas para nella presumir sufficiencia não mais de atrever, que quanto está conhecido, que tão grandes, e verdadeiros louvores participados de tanta graça Divinal, não pode nhum humano falecimento apouquenta-los, nem faze-los menos da verdade toda humana eloquencia, sem receo de nhum prasmo deve de folgar achar-se vencida de tão excellente materia, cujo mui estimado pezo mais é de culpar quem não queira, que quem não possa leva-lo; porque ainda não leixará de precalçar muito louvor, e contentamento quem de tão nobres, e louvados feitos fizer lembrança, que foram, posto que não abaste dinamente faze-la de quão louvados foram, pois a grandeza de seu louvor por elles mesmos milhor se póde estimar, que dizer.

Desque D. Egas acabou de falar ficou El-Rei mui irado, e quizera manda-lo matar, dizendo que o havia enganado: mas os Fidalgos, e nobres que ahi estavam lhe disseram, que tal não fizesse, que não tinha rezão de lhe fazer nhum mal, porque D. Egas fizera todo seu dever como mui nobre, e leal vassallo, quejando elle era, e todos os Principes deviam de desejar ter muitos tais, que seu mesmo fora o engano de se deixar enganar, e que antes por seu bom nome tinha razão de lhe fazer muita honra, e mercê, e manda-lo em paz.

Aho que ElRei D. Diniz satisfez, mas hos ditos seus Embaixadores vendo, que ha concruzam delRei D. Sancho era de longuas, e de negações sem causa se tornaram sem duvida ha Portugual sem nhum despacho.

Queria muito este Prior Gualterio, que o Moesteiro fosse chamado da Ordem que elle era, e que El-Rei no Moesteiro não tivesse nhum especial poder, o que não querendo El-Rei consentir, se partio Gualterio com os seus compenheiros para onde vieram.

Sendo El-Rei com os seos perto da Villa, lançaram-se em um valle encuberto, e escuso, tão acerca do lugar, que ouviam falar as velas do muro, quando bradavam uns aos outros, e estiveram alli toda a noite, com os cavallos pelas redeas, vigiando com grande cuidado, do que ao dia seguinte esperavam de fazer, sem os Mouros delles haverem nhum sentimento.

Acha-se escrito, que ficando assi Beja falecida de gente para sua defenção, pela muita que della se fora com o Ifante D. Sancho mais que de outro nhum Lugar Dalentejo como acima dissemos, e ainda de esses que nella ficaram alguns com medo de a não poderem defender, se partiram della para outros lugares de Christãos, e os Mouros sabendo certo como a Villa estava para ligeiramente se poder tomar, pela mingua de gente que não tinha, ajuntaram-se dous mui principaes antre elles chamados um Alboacamesim, e outro Albouzil, e muitos Mouros que os seguiram, e chegaram a pôr cerco sobre ella.

D. Mendo nesta afronta bradou chamando em ajuda Santiago Patrão de Espanha; e El-Rei tambem do do muro, altas vozes acodio: «Santa Maria Virgem Bemaventurada, e glorioso Apostolo Santiago acorre-nos». Bradando aos seus, que eram em cima do muro. «Matai-os: andem á espada todos, que não fique nhum», e os que sobiram, apartaram-se logo pelo muro, em duas partes peleijando cada uma com os Mouros que vinham.

Depois que o Principe D. Affonso Anriques tornou de ganhar Leiria, e Torres Novas, esteve em Coimbra alguns dias, e vendo que tinha suas terras, e Fortalezas mui providas, e postas em ordem do que lhe compria, e tambem que de Castella estava seguro de guerra por algumas rezões que a Estoria não declara, consirando elle, que não devia, nem podia milhor empregar o bem, e honra que seu pai, e elle ganháram, que em serviço de nosso Senhor de cuja mão a tinham récebido, e como não havia então nhum serviço de Deos mais necessario em Espanha occupada de Mouros, que serem guerreados, e lançados fóra della, segundo fora sempre seu proposito, e vontade, houve conselho com os seus de fazer guerra nas terras de Alentejo especialmente na Comarca do Campo Dourique, e esto por duas rezões, a primeira, porque a terra era mui povoada, e de poucas Fortalezas, em que os seus haveriam assaz mantimentos, e prezas; a segunda, e principal porque se El-Rei Ismar, que regia em Espanha toda a maior parte dos Mouros contra Ponente, viesse a peleijar com elle, e dando-lhe Deos delle o vencimento que esperava, toda a terra que se chama Estremadura, que era sob seu senhorio, não haveria poder de se lhe defender, e o Princepe D. Affonso tinha que iria acompanhado de tão boa gente, que era bastante para peleijar com elle.

antes desto, em seu lugar contamos como El-Rei D. Affonso Anriques foi por si com grande cuidado, e devação, buscar o Corpo de S. Vicente, e não o pôde achar havendo vinte e seis annos que a Cidade de Lisboa era em poder de Christãos, tomada a Mouros, fez El-Rei Albojaque tregoas, com El-Rei D. Affonso Anriques por cinco annos, as quaes foram feitas quatro dias do mez de Maio era do Senhor de mil cento e setenta e trez annos, então, certos homens de Lisboa, com grande devação, vendo que podiam ir seguros áquelle lugar onde o Corpo de Vicente jazia, fizeram prestes uma barca, com todo o que lhes fazia mister, e foram-se sem nhum impedimento, nem deficuldade, chegaram, e desembarcaram no mesmo lugar, onde postos em oração, mui devotamente a Deos pediam que lhes mostrasse onde jazia o Corpo daquelle glorioso Martyr; a poz esto começaram a cavar, e aprouve a N. Senhor que o acharam, e dando-lhe muitas graças e louvores, o tomaram com muito prazer, e devação, e puzeram-no dentro na barca, e logo Deos alli mostrou por elle um grande milagre, que um dos que iam na barca, em desenterrando aquelle santo Corpo, furtou um dos ossos, e tanto que o tomou, cegou logo de todo, pelo qual cortado de medo, e arrependimento tornou a poello donde o tomara, e neste ponto lhe foi restituida toda sua vista, e foi são como dantes, e tambem se deve atribuir aos grandes merecimentos deste Santo Martyr, que sendo sempre o mar alli alevantado, e perigoso, e reçafa muito grande, foi visto tão chão e manço fóra do acostumado ao embarcar do seu Corpo, como se fôra em qualquer outro lugar, onde nunca houvesse, nem podesse fazer ondas, e assi tornaram com muito prazer a salvamento.

Na verdade El-Rei foi dino de grande louvor, e memoria de todos seus feitos, e que alguns escrevessem delle que em sua mancebia foi bravo, e esquivo, sobejo, certo a mim parece concirando bem tudo, que em nhum tempo teve cousa alguma, que sendo elle o primeiro Rei de Portugal, e no modo que o foi, lhe não fosse compridouro ser em tudo qual foi, assi para serviço de Deos, como para bem, e muita honra do seu Reino, e que se tal não fora, não sabemos que fora de Portugal, o que Deos seja louvado, agora é, porque como diz Aristoteles, o principio é mais, que o meio das cousas, porque muitas vezes ouvi dizer a meu irmão D. João Galvão, Arcebispo que foi de Braga, e Prior de Santa Cruz de Coimbra, Escrivão da Puridade del-Rei D. Affonso o Quinto, que Santa gloria haja, que segundo achava pelas cousas daquelle Moesteiro, e outras obras daquelle virtuoso Rei, elle o tinha por Santo, e por tal a seu parecer deve ser havido.

Palavra Do Dia

sentar-nos

Outros Procurando