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Fallae ao que vos pergunto, Dizei, negrinho sandeu: saibamos que mal vos fiz, porque não me daes perdiz, pois que m'a compraes do meu? */ Responde o «Negro»: /* «Nunca elle mim acha... Muito caro, nunca bem... Mim dá-le treze vintem pr'o dôzo; não querê . A regatêra muito máo! Mim dize quére vendê? Elle logo saconde... medo Gasapar da náo proqu'elle logo prende.» */

Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma cousa, o que fosse, pela noite velha o Negrinho campeava e achava, mas entregava a quem acendesse uma vela, cuja luz ele levava para pagar a do altar da sua madrinha, a Virgem, Nossa Senhora, que o remiu e salvou e deu-lhe uma tropilha, que ele conduz e pastoreia, sem ninguém ver.

Qual não foi o seu grande espanto, quando chagado perto, viu na boca do formigueiro o Negrinho de com a pele lisa, perfeita, sacudindo de si as formigas que o cobriam ainda!... O Negrinho, de , e ali ao lado o cavalo baio e ali junto, a tropilha dos trinta cordilhos... e fazendo-lhe frente, de guarda ao mesquinho, o estancieiro viu a madrinha dos que não a tem, viu a Virgem, Nossa Senhora, tão serena, posada na terra, mas mostrando que estava no céu... Quando tal viu, o senhor caiu de joelhos diante do escravo.

O Negrinho anda sempre

E assim o Negrinho perdeu o pastoreio. E chorou. O estancieiro mandou outra vez amarrar o Negrinho pelos pulsos, a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho... dar-lhe até ele não mais chorar nem bulir, com as carnes recortadas, o sangue vivo escorrendo do corpo... O Negrinho chamou pela Virgem sua madrinha e Nossa Senhora, deu um suspiro triste, que chorou no ar como uma música, e pareceu que morreu...

Todos os anos, durante três dias, o Negrinho desaparece: está metido em algum formigueiro grande, fazendo visita

Regulando, chorando e gemendo, o Negrinho pensou na sua madrinha Nossa Senhora e foi ao oratório da casa, tomou o coto de vela aceso em frente da imagem e saiu para o campo.

O Negrinho, varado de fome e sem força nas mãos, enleiou a soga num pulso e deitou-se encostado a cupim. Vieram então as corujas e fizeram roda, voando, paradas no ar e todas olhavam-no com os olhos reluzentes, amarelos na escuridão. E uma piou e todas piaram, como rindo-se dele, paradas no ar, sem barulho nas asas.

O estancieiro retirou-se para sua pobre casa e veio pensando, pensando, calado, em todo caminho. A cara dele vinha lisa, mas o coração vinha corcoveando como touro de banhado laçado e meia espalda... O trompaço das mil onças tinha-lhe arrebentado a alma. E conforme apeou-se, da mesma vereda mandou amarrar o Negrinho pelos pulsos a um palanque e dar-lhe, dar-lhe uma surra de relho.

Quem perder suas prendas nos campos, guarde a esperança: junto de algum moirão ou sob os ramos das árvores, acenda uma vela para o Negrinho do pastoreio e lhe dizendo

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