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Estranhas, por ventura, o mar cercado Da fraca rede; a barca ao vento solta; E hum pobre pescador aqui lançado? Antes que o sol no ceo cerre huma volta Se póde melhorar minha ventura, Como a outros succede, n'ágoa envolta. Igual preço não he da formosura D'ouro a areia, que o rico Tejo espraia, Mas hum amor, que para sempre dura. Nunca sôbre elle o mar com furia saia!

Eu, trazendo lembranças por antolhos, Trazia os olhos n'ágoa socegada, E a ágoa sem socêgo nos meus olhos. A bem-aventurança ja passada Diante de mi tinha tão presente, Como se não mudasse o tempo nada. E com o gesto immoto e descontente, Co'hum suspiro profundo e mal ouvido, Por não mostrar meu mal a toda a gente,

Ao longo da agoa o niveo Cisne canta, Responde lhe do ramo Filomella, Da sombra de seus cornos naõ se espanta, Acteon n'agoa cristalina, e bella: Aqui a fugace Lebre se levanta Da espessa mata, ou timida Gazella, Alli no bico traz ao caro ninho O mantimento o leve passarinho. Canto 9.

Por mais que vos alongue olhos cansados, Olhos ha tanto tempo descontentes, Não vedes mais que pallidos doentes Por mãos estranhas n'agoa sustentados. Quantas vezes ficastes magoados Por ver ir entre as fervidas correntes Envolvidas mil lagrimas ardentes Do que em vão quer alçar braços mirrados!

Não vejo aqui, Senhoras, a luz do vosso Tejo Nem vejo o céu azul, Senhoras!... mas eu vejo Uns olhos fitos n'agoa... uns olhos luzitanos, Que pela luz que tem não contam muitos annos. E a lua que anda fugida, pelo céu profundo Deixou cahir no rio, o seu retrato, ao fundo. .............................................

Despois de n'ágoa entrar, donde sahírão, Com tão formoso sol tantas estrellas, Ja as ancoras debaixo acima tirão, E de cima ja abaixo soltão vellas. Estas naos adiante outras naos vírão, Que fazendo-se vem na volta dellas; Conhecêrão-se logo as duas frotas: Ambas d'hum Reino são, ambas devotas.

Eu triste, encobrindo meus males della, Perco-me por ella. Se flores deseja Por ventura bellas, Das que colhe dellas Mil morrem d'inveja. Não ha quem não veja Todo o melhor nella: Perco-me por ella. Se n'ágoa corrente Seus olhos inclina, Faz a luz divina Parar a corrente. Tal se , que sente Por ver-se a ágoa nella: Perco-me por ella.

Dinamene e Ephyre, a quem topára Nuas Phebo em hum rio, e encobrirão Seus delicados corpos n'ágoa clara; Syrinx e Nyse, que das mãos fugírão Do Tegêo Pan; Amanta e mais Elisa, Destras nos arcos mais que quantas tirão; A linda Daliana, com Belisa, Ambas vindas do Tejo, que como ellas Nenhuma tão formosa as hervas pisa: Todas estas angelicas donzellas, Por o viçoso monte alegres hião, Quaes no ceo largo as nitidas estrellas.

Estavão n'ágoa os peixes embebidos Com as cabeças fóra; e quasi em terra Os musicos delfins estão perdidos. Julgavão os pastores que na serra O cume e preço está do antigo canto; Que quem o nega, contra as Musas erra. Mas ja o pastor d'Admeto o carro leve Molhava n'ágoa amara, e compellia A recolher a roxa tarde e breve: E foi fim da contenda o fim do dia.

Posto que bellas n'ágoa vos vejais, Á fonte não creais, Que vos traz enganadas por vingança Desta nossa esperança, que enganais. Mas ah! que não consinto Que nem palavra minha vos offenda, Postoque me desculpe a mágoa pura. Digo, Nymphas, que minto: Pois mal póde haver nunca quem pretenda Negar-vos essa rara formosura.