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E afflicta, como choras, minha Irmã... Teu chôro é tua voz emudecida, Ante a imagem do Filho, essa Manhã Em profunda saudade amanhecida. Silencio! Não palpites, coração; Nem canto de ave ou mistica oração Um tal idilio venham perturbar! Deixae o Filho amado e a Mãe saudosa: O Filho a rir, de face carinhosa, E a Mãe, tão triste e pálida, a chorar...

P'ra que os Sinos ouvir, a annunciar enlaces, Se para mim não tocam... Nem nunca tocarãoTinha acabado a doida de fallar, Doida gentil de olhos azues e vagos, Tendo na fixidez macia do olhar A immobilidade terna e mistica dos lagos.

Eu amo tudo: os ramos comovidos Em diáfano marmore esculpidos E esse velhinho tronco, em flôr, que renasceu Ao sentir a impressão azul que vem do ceu... Com que ternura beijo a luz do dia, Que em meus ouvidos de alma é lirica harmonia... Tenho ocultas palavras transcendentes Para as nuvens somnambulas, dormentes, Para a sombra nupcial e mistica d'um lirio, Para a afflição da inercia escrita n'um rochedo E para a Dôr que faz gritar um arvoredo Em noites de delirio.

A freira, que tinha sido uma das últimas professas, não era ainda muito velha, mas o seu rosto, amargurado agora pela recordação, evocava um tal passado de dôres e sacrificios, que Manoela, inconscientemente, curvou-se para lhe beijar as mãos, que juntava num gesto de imploração extrema, numa prece em que ia toda a sua alma de mistica e de sofredora.

As vossas almas Que a minha dôr primeira afugentou, São presentes, de novo, em vosso corpo. Ei-lo scismando, triste, á luz do luar, Na projectada sombra que, a seus pés, Desenha ignotas formas de silencio... Ei-lo embebido em mistica ternura, Tremulo de emoção, reverdecendo, Esculpindo, no ar, melancolias... E a tua Imagem paira sobre mim... Todo eu palpito em ondas de anciedade!

Não terei eu, como Caim, manchado as minhas mãos em sangue fratricida? Meu padre, a colera do Senhor cairá sobre a minha cabeça! A oração e os jejuns redimem todas as culpas... Proferia Simão Rodrigues esta mistica sentença quando estalou na sala do jogo um grande alvoroto de voses e passos.

Vendo teus lindos olhos, quanta vez, Dizia para mim: eis o logar Da minha espiritual, futura imagem... E viverei á luz daquele olhar, Divino sol de mistica Paisagem.

Misteriosamente Sobe da terra um sonho transcendente; Emanação de mistica tristeza, Como o fumo d'um lar Que tem, junto do fogo, alminhas a rezar. Mas, ai, a Natureza, Reservada e offendida, afasta-se de nós! E na sua mudez arrefecida Congela a minha voz... Um silencio mortal separa-me de tudo!

Mas passado algum tempo a humanidade inteira De tal modo gostou d'esse licor sublime, Que o extasis christão tornou-se em bebedeira, E o sonho em pezadello, e o pezadello em crime. Nas solidões do claustro as virgens inflamadas Co'as fortes atracções da mistica ambrozia Torciam-se febris, convulsas, desvairadas, Meretrizes de Deus n'uma piedosa orgia.

Para os espiritos-fortes, para aquelles a quem, por causas multiplas, apraz ainda e talvez definitivamente cortejar o estado de coisas derivado do encyclopedismo d'onde a Revolução proveio e do romantismo, que se lhe seguiu e que ainda hoje preside aos destinos dos povos, sob a fórma do parlamentarismo e do governo das maiorias, para esses espiritos cegos, surdos e encerrados dentro do collete de forças do seu feroz dogmatismo, duas theorias explicam estes retumbantes regressos, estas conversões escandalosas aos principios conservadores em politica, coincidindo, na maioria dos casos, com o regresso á ideia mistica e á pratica cultual da religião.