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Maria empallideceu e, d'olhos fitos nos outeiros graciosos da terra de David, rompeu, de repente, a cantar, sobre uma antiga melodia hebraica, repetindo inspiradamente as palavras que lhe sahiam d'alma: «Espirito Perfeito, ancia das almas miseras, se és Tu que em mim assistes, bemdita seja a carne fragil em que te encerraste e de onde deves romper, germen da Redempção, em Flor de Misericordia.

Fui, com estimaveis companheiros de viagem, que n'esse dia eram tres. E, não devo occultal-o por vergonha, á medida que da estação do Vallado avançava para a Nazareth, o meu coração não trotava menos do que as miseras pilecas que iam arrastando o char-á-bancs.

Mas, breve, com o glorioso avançar do dia apertava o calor, e então quáse certo era irem os dois amigos demandar por um instante o confortável refúgio de algum dêsses humildes ranchos dos colonos agrícolas, sumaríssimas construções de palha e barro, tímidas e míseras palhoças que abrigavam sob o teto, raso e intonso, uma vida tam elementar como as suas paredes eram primitivas. Ausência quáse total de mobília, reduzida a alguns polidos cránios de vaca servindo de assento, e a raros catres ou esteiras sôltas sôbre a terra nua. A alimentação parca e simples, por igual: carne, pão, mate, açúcar, e mais um pouco de arroz nos dias de festa. Um campo rudimentar de acção e um reduzido vôo de desejos. O miudito espaço fechado por estas ingénuas tócas

Miseras creaturas, a quem se paga com injurias, quanto mais afundadas na desgraça e mais pobres, quanto mais perto da enfermaria e da morte, mais se fazem pequeninas para que as amem. Ficam dias sem pão para que os amantes o tenham. Tiram a ultima camisa do corpo para lhes dar de comer. As arroladas matam-se se as desilludirem. Sêres de ignominia amam idealmente.

Callam-se e scismam ou passam as longas noites de inverno a cantar, em frente do Hospital tragico. De dia pela porta escancarada vê-se o banco do hospital. Nada mais poído do que essas miseras taboas de pinho seccas, gastas, destingidas, e nada tambem mais commovente. Vivem, estremecem. Ha coisas que á força de serem tocadas por mãos humanas, ganham alma, criam physionomia.

Que palavras tão miseras e tristes Para o ceo, para a gente espalharia! Pois que sería, Virgem, quando vistes Com fel nojoso, e com vinagre amaro Matar a sêde ao Filho que paristes? Não era este o licor suave e claro, Que para o confortar então darieis A quem vos era, mais que a vida, charo. Como, Virgem Senhora, não corrieis A dar as puras tetas ao Cordeiro, Que padecer na Cruz com sêde vieis?

As faculdades amantes de que se compõe essencialmente o ser feminino, não se anihilaram entrando para o ermo; exaltar-se-hiam porventura; e, se lhes faltasse emprêgo e alimento, devorariam afinal miseravelmente, e com medonha rapidez, as miseras depositarias d'esses dons celestes. Felizmente não succede assim.

Haleva, minha Haleva, De susto eu titubeio: Tu imagina o meio De as victimas salvar. Miseras! nos resta, Em festa sanguinosa, Sob a traidora rosa O aspide esconder. Que importa a pobre escrava De susto e de amor trema? Embora chore e gema, Cumpre-lhe obedecer. Sólta o suave canto Captivo rouxinol, Quando o nascente sol Derrama seu fulgor;

Nas miseras palhas onde nasceu essa creança tão pobre como a mais pobre de todas as creanças, podendo, se quizesse, ser a mais opulenta tu nasceste tambem: tiveste o mesmo leito, e o recem-nascido bafejou-te com o halito vivificante da sua bocca divina. E desde esse momento, não obstante o rolar dos seculos, conservaste sempre a frescura innata que recebeste d'esse halito sacrosanto.

E todas ellas, velhas e novas, míseras sombras duma outra idade ou raparigas que a educação conservara afastadas do tempo em que vieram ao mundo, todas curvaram a cabeça á convicção de que a campa as chamava, de que era a morte que as libertaria em breve. Sim, ellas estavam prontas, mas quanta tristeza nesse fim de existencias que mal se arrastavam, numa vida que não compreendiam !...