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Os labios da vossa afilhada não murmuram a oração de sua mãe, mas o seu coração é aquelle que vós lhe déstes ha sete annos! Eu vos supplico em nome d'ella. Fazei que estes olhos não sintam tão cedo o travo das lagrimas, que chora sua mãe!
Elle insiste em se referir ao tal sonho! murmura a Anna Nikolaievna dirigindo-se a Maria Alexandrovna, inquieta e um tanto enfiada. Mas, ai! O coração de Maria Alexandrovna está alanceado por tristissimos presentimentos. E então? murmuram as damas a olharem umas para as outras. Ora vamos, principe, profere Maria Alexandrovna com um sorriso amarello, confesso-lhe que me deixou pasmada.
Se a Aurora se lança do cume dos montes, Até d'alegria murmuram as fontes; Só eu, passeando o meu tedio supremo, Nem rio, nem choro, nem canto, nem gemo. Oh Sol, que já vejo surgindo do Mar, Tem dó de quem, mudo, não pode cantar!» E o Cysne, em silencio, chorava, escutando A orchestra das aves que passam em bando. Das aguas rompia a quadriga d'Apollo, E o pobre a cabeça escondia no collo...
E seguido de um mastim seu predilecto, a pé e com um venábulo na mão, foi-se através das brenhas por uma vereda que dizia para os pincaros tristes e ermos, onde era tradição que a linda dama linha apparecido a seu pae. Trinam os rouxinoes nos balseiros, murmuram ao longe as aguas dos regatos; ramalha a folhagem brandamente com a viração da manhan: vae uma linda madrugada.
Amava só para mim; poetava só para mim; e poetava como amava: sem premeditação, sem esforço, sem reconsiderações, e sem emendas. ¿Bons tempos, que tão verdadeiros fostes, como vos desvanecestes? ¿como passastes vós, eternidades voluptuosas? Compunha eu tudo isto como as arvores ora murmuram, ora rugem, ora gemem varrendo o pó com as ramas, segundo passam por ellas os zephyros ou os furacões.
Oh meus concidadãos, ide lá, se appeteceis conhecer os deleites asperos do Oriente... Os bicos de gaz sem globo assobiam largamente, torcidos ao vento: as casas baixas, de pau, são apenas fechadas por uma cortina branca, atravessada de claridade: tudo cheira a sandalo e alho: e mulheres sentadas sobre esteiras, em camisa, com flôres nas tranças, murmuram suavemente: Eh môssiu!
Vejo, em grupos, os velhos conversando... E murmuram palavras... voz de outomno Que se vae em silencios desfolhando Num êrmo chão doirado, ao abandono. Mais adeante, em dôce companhia, Caminha enamorada a gente nova: O Heroe caido, morto, á luz do dia, A Noiva que baixou á fria cova!
Ou, vendo o mar, das ermas cumiadas, Contemplamos as nuvens vespertinas, Que parecem phantasticas ruinas Ao longe, no horisonte, amontoadas: Quantas vezes, de subito, emmudeces! Não sei que luz no teu olhar fluctua; Sinto tremer-te a mão, e empallideces... O vento e o mar murmuram orações, E a poesia das cousas se insinua Lenta e amorosa em nossos corações.
Abismo de aparencias ocultas, abismo de vozes que se não ouvem. A natureza taciturna exprime-se magicamente, em linguas vagas, silenciosas. E quando n'um pouco de cisco murmuram mais vontades do que bocas humanas ha na terra, o que não dirá o coloquio formidando de todas as vontades do universo! Tem cada organismo a sua lingua peculiar. Os que vivem mais proximos entendem-se melhor.
No mosteiro vai fundo o silencio; Um silencio que gera terror; Só nos tectos, que banha o luar, Sólta o mocho seu pio de horror: Só o vento que gyra nos pateos, E se engolfa na escada ogival, Ramalhar vem nas folhas dos ulmos, Que ladeiam normando portal. Meia noite. E na crasta deserta Não reboam os ecchos do sino, Que, vagando, murmuram nas cellas: São as horas do officio divino.» Meia noite!
Palavra Do Dia
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