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Mas quem nos diz a nós que a Venus de Milo, objecto de uma ardente e justa admiração entre os modernos, não fosse no fim de contas uma estatua vulgar no seu tempo?

Alguns, não sei porque, pode ser que por fazerem o mesmo acordados sonham com o que não têem, que são o que não podem ser, que fazem o que não fizeram nem farão; Job jantares, Creso pede meia libra, Adozinda bebe, Alda sae fóra d'horas; fica tudo mudado; fazem-se em ortigas as violetas; Manuel Mendes engana Rebolo e Michaella; D. Quichote é farcista, e o Pança é poeta; a alegria aeria, crepitante, explendida, trepa como um foguete e cae d'ali a nada n'uma chuva de lagrimas; uns criticos que ha, da rua e da praça, gente que torce sempre o nariz limite de seu horisonte a tudo que vae pelo mundo, chegam no sonho a ser benevolos; está tudo de pernas para o ar; o Apollo de Belvedere é piteireiro: a Venus de Milo assa castanhas, Antinuo usa uma palla n'um olho, Dante é corcunda, Polichinelo está de capa de asperges!...

Havia ali reproducções em marmore da Venus do museu de Napoles, de Milo, Medicis, Capitolio e Troia; de Apollo, e três estatuas de Sapho, salientando-se a de Pradier, que, dum estrado alto, curvada, parecia presidir ás danças orgiacas, que a sua memoria suggeria; finalmente, uma larga profusão de espelhos, luzes, e instrumentos de musica, sobresahindo harpas, lyras e psalterios.

Quantas vezes, ante aquella sempre admirada e toda perfeita Venus de Milo, pensei que se debaixo da sua testa de Deusa podessem tumultuar os cuidados humanos; se os seus olhos soberanos e mudos se soubessem toldar de lagrimas; se os seus labios, talhados para o mel e para os beijos, consentissem em tremer no murmurio de uma prece submissa; se, sob esses seios, que foram o appetite sublime dos Deuses e dos Heroes, um dia palpitasse o Amor e com elle a Bondade; se o seu marmore soffresse, e pelo soffrimento se espiritualisasse, juntando ao esplendor da Harmonia a graça da Fragilidade; se ella fosse do nosso tempo e sentisse os nossos males, e permanecendo Deusa do Prazer se tornasse Senhora da Dôr então não estaria collocada n'um museu, mas consagrada n'um santuario, porque os homens, ao reconhecer n'ella a alliança sempre almejada e sempre frustrada do Real e do Ideal, decerto a teriam acclamado in eternum como a definitiva Divindade.

Mas quando elles trabalham sobre antigas civilisações como a da India, onde existem artes, costumes, litteraturas, instituições, em que uma grande raça pôz toda a originalidade do seu genio então a politica anglo-saxonia repete pouco mais ou menos o attentado sacrilego de quem desmantellasse um templo buddhico, bello como um sonho de Buddha, para lhe dar na sua reconstrução as linhas hediondas do Stock Exchange de Londres; ou ainda de quem se fôsse ao marmore divino da Venus de Milo, e tentasse, á força bruta de martello e cinzel, dar-lhe o feitio, as suissas e a sobrecasaca de lord Palmerston!

Acabo de sahir do Louvre, onde fui visitar as galerias da esculptura e principalmente essa sala entre todas privilegiada e bemdita, onde a Venus victoriosa, a Venus de Milo, esplende na sua sagrada formosura.

E, no emtanto, essa bella e pequenina cabeça, que uma graça ideal nimba eternamente, não é tal como elle diz, séde de uma alma divina. A Venus de Milo não pensa. N'aquella branca flôr marmorea uma alma vegetativa sonha e dorme!

Os seus trabalhos perfeitamente executados são confirmações indiscutiveis do logar proeminente que ella deve occupar entre os que são sacerdotes na sublime arte de Milo. Na pintura, confirma-se o que a principio digo, se exige que as amadoras tenham talento, para se lhe poder garantir o logar ao lado dos homens na transplantação para a tela da natureza, em todas as suas variadas manifestações.

Nos braços, d'um setim transparente, destacava-se a rêde das veias azuladas, onde o sangue buliçoso vos deixaria suspeitar se eram aquelles os braços roubados á Venus de Milo. O , que nenhuma sevilhana teve nem mais pequeno nem mais arqueado, obedecia ao frenesi das evoluções, ou encontrava o dente da tarantula, cada vez que tocava o invejado pavimento do palco.

Côr de leite, fresca, inalteravel, deixava ás outras o trabalho de envelhecer. queria o de existir. Cabello negro, olhos castanhos e callidos. Tinha as espaduas e o collo feitos de encommenda para os vestidos decotados, e assim tambem os braços, que eu não digo que eram os da Venus de Milo, para evitar uma vulgaridade, mas provavelmente não eram outros.