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E , no seu retiro, Adão, com uma curiosidade onde lateja uma esperança, novamente entala o sílex, grosso como uma abóbora, entre os calosos pés, e recomeça a martelar, sob o bafo de Eva, que se debruça e arfa. Sempre a faúlha salta, rebrilha na sombra, tam refulgente como aqueles lumes que agora palpitam, olham, de alêm, das alturas. Mas êsses lumes permanecem, através da negrura do céu e da noite, vivos, a espreitar, na sua radiância. E aquelas estrelinhas da pedra ainda não tem vivido e teem morrido... ¿Será o vento que as leva, êle que tudo leva, vozes, nuvens e fôlhas? Nosso Pai venerável, fugindo do vento malévolo que ronda no monte, recúa até ao fundo mais abrigado da caverna, onde se afôfam as camadas de feno muito sêco, que são o seu leito. E de novo fere a pedra, despedindo scentelha apoz scentelha, emquanto Eva, agachada, abriga com as mãos aqueles refulgentes e fugitivos seres. E eis que dos fenos um fumosinho se eleva, e se engrossa, e se enrola, e através dêle, vermelha, uma chama ressalta...

Durante alguns dias não se ouviu senão o martelar dos carpinteiros fazendo e pregando caixotes e não se via senão a moderna condessinha, muito prática em antiqualhas preciosas, abrir portas e armarios, percorrer os salões e os sotãos, dar volta ás paredes e ás bojudas cómodas de floreados embutidos, que seguiram com os candelabros, as joias, os quadros e os Sèvres ricos como os incontaveis Chinas para o sorvedoiro de Lisbôa.

E n'essas semanas de Abril, emquanto as rosas desabrochavam, a nossa agitada casa, entre aquellas quietas casas dos Campos-Elyseos que preguiçavam ao sol, incessantemente tremeu, envolta n'um de caliça e d'empreitada, com o bruto picar de pedra, o retininte martelar de ferro.

Os nervos irritados por tantos dias de ansiedade obrigavam-no a agitar-se numa febre de movimento, um desejo de choro, de gritos convulsivos, que lhe desoprimissem o peito... Cada nome de estação gritado monotonamente, cortando na noite arrastada o sôno dos viajantes, era para elle o martelar desesperador do condenado que assiste ao levantar da sua propria forca.

Depois, noutra tarde bemdita, costeando uma escura e bravia colina, descobre, com aqueles seus olhos que rebuscam e comparam, um calhau negro, áspero, facetado, sombriamente luzidio. Pasma do seu pêso e logo pressente nele um maço superior, de decisiva rijeza. Com que alvoroço o leva agarrado contra o peito, para martelar o sílex rebelde! Ao lado de Eva, que o espera

De resto, mais poeta e historiador do que pensador, mais moralista do que philosopho, mais prompto em contemplar as cousas creadas e as renascer do que propenso a martelar systemas novos e apural-os, Alexandre Herculano não se sentiria talvez muito inclinado á correcção e revisão amiudada, senão continuada, dos principios cuja influencia de inspiração e fortaleza usufruira por largos annos.

Quem passava na estrada d'aquelle laborioso e popular Poço do Bispo, em plena turbulencia dos carros de carga, dos silvantes comboios, do martelar das oficinas, do fumegar das altas chaminés, dos grupos de gente tisnada e arremangada, certo não poderia supôr que por traz d'aquellas cantarias altas e d'aquellas podridas janellas, uma creatura rara sofria e meditava uma creatura d'alma heroica, da raça das Virgens d'Avila e das Donas Marias de Molina, e que aos oitenta e dois annos deslumbrava os amigos com a sua lucidez desconcertante, a sua verve picaresca, a sua eloquencia de homem, a sua belleza de rainha, e tal poder de ressurreição e recordação, que todos os fantasmas da sua mocidade viviam e existiam reaes, a cada simples apêlo dos seus dedos e estranha palavra dos seus labios, como as ressurgiria o medium Egglinton, ou Eusápia Palladini, n'alguma sessão de hermetica e telepatica.

As ideias que lhe obumbravam o espirito eram negras, inexprimiveis, e taes que elle fugia de as repetir a si mesmo, sendo que um demonio contumaz lh'as estava sempre a martelar na fragua da cabeça.

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