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E todavia a guitarra era mimosa, quando suspirava ao luar; tinha uma voz doce e melodiosa que despertava vagos pensamentos na alma; podia ainda murmurar cadencias se continuasse a ser dedilhada por mãos delicadas.

E, n'essa surda e humida cova, ovençal, bufarinheiro, clerigos e mesmo burguezes de fôro uivavam sob o açoite ou no torniquete, até largarem agonizando o derradeiro morabitino. Ah! a ramantica Torre, cantada tão meigamente ao luar pelo Videirinha, quantos tormentos abafára!...

O ar é fino, alma empoada de luar, as arvores desmaiam e os grandes montes pallidos, onde o sol deixou fuligem, que vae esmorecendo até ao vir da noite, falam baixinho, entontecidos. Mais timido é o murmurio dos fontes, como se não quizessem perturbar o espantoso dialogo.

Mas uma torrente de fôgo Luar novamente abraza e do seu repouso instantâneo, súbito, se erguendo, numa arrancada formidável sôbre o artista se lança, cravando-o de beijos em que lhe quer arrebatar a alma!

O luar de agosto penetrava em diagonal, diaphano, trazendo toda a melancholia profundíssima das incomparaveis noites equatoriaes. Da matta pouco distante, lavada de luar, vinha o monotono arruido dos insectos nocturnos, o alarido dos cururús teimosos. Na gaiola pendente do tecto sem fôrro, um caraxué silvava.

Ai ao relento, ai ao relento as bisavós dormindo!... Cama de rosas, sobre-ceo d'astros!... que sonho lindo!... Cahi cantando, Cahi mas brando, muito brando, Misticas nevadas do luar de prata! Linho da candura do luar de prata! Angelus da ermida do luar de prata! Extasis boiando, sagrações ondeando No luar de prata!...

E marmoreo, espectral, com a fronte sombria Banhada no suor sangrento da agonia Foi deitar-se outra vez na leiva tumular, Athleta que expirou tranzido de mil dôres E quer dormir, dormir entre as hervas e as flores Onde escorre piedosa a branca luz do luar.

Foi uma paixão louca, ardente, doentia, E o nosso triste poeta, a sorrir e a cantar, A cantar e a sorrir, todas as noites ia Envolver Leonor num manto de luar. Quantos beijos d'amor, humidos, vagarosos, Pondo ás vezes no labio um lenço de Bretagne! Eram beijos sensuaes, vermelhos, capitosos, Como o estrepido audaz do vinho de Champagne!

E foi n'essa noite, ao fim da festa, no terreiro real, onde brilhava o luar, que nós annunciámos ao rei o nosso desejo de deixar emfim o seu reino, e regressar á nossa patria.

Um homem honesto ter-se-ia cautelosamente afastado, receoso de despertar uma alma tão confiada e crente, na sua ignorancia infantil; mas elle, conquistador sem escrupulos, de palidez sentimental e cabeleira romantica, cantando ao luar fados chorosos que falam de amôres infelizes com tremuras na voz e fundos ais arrastados, dedilhando a guitarra que soluça baixinho caricias de beijos gritando alto paixões estridulas... Elle, sem alma nem consciencia, viu apenas a flôr que se abria á vida e que as suas mãos brutais podiam desfolhar e arremessar depois como coisa inutil e sem importancia.

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