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Este testemunho é o de Gomes Eannes de Azurara, historiador que os nossos leitores conhecem , e que diz o seguinte no capitulo 63 da chronica do conde D. Pedro de Menezes «e assy o livro d'Amadis, como quer que sómente este fosse feito a prazer de um homem, que se chamava Vasco Lobeira em tempo d'el-rei D. Fernando, sendo toda-las cousas do dito livro fingidas do auctor» Este logar de um escriptor, a bem dizer coevo, deve tirar a última sombra de duvida sobre a nacionalidade do celebre Amadis de Gaula.

Esta commodidade aproveitaram-na todos os novelleiros que vieram depois de Lobeira; e para as distancias que seria incrivel fazer correr em curtissimo prazo a um cavalleiro, estavam as magas e os encantadores, especie de espada de Alexandre, que o escriptor sempre tinha á mão para cortar todos os nós gordios que embaraçavam as narrações.

Traçado um leve esboço da novella de Amadis de Gaula, segue-se tractar a questão de saber se a devemos attribuir a um escriptor português. Primeiro que tudo, é de notar que a tradição constante em Portugal foi sempre que o Amadis fôra composto por Lobeira. Antonio Ferreira e o dr.

Levou assi El-Rei D. Fernando consigo a El-Rei D. Affonso para a Villa, e fez-lhe mui bem pençar da perna, e em quanto o teve em poder, assentando-o sempre a par de si, fazendo-lhe muita honra; despois veio apreitejar com elle, que lhe desse a terra da Corunha, que é do Minho, até o Castello da Lobeira, uma legoa álem de ponte Vedra, e porcima pelos chãos de Castella, aquella terra, que deram ao Conde D. Anrique seu pai, como no começo da Estoria se disse, fazendo-lhe tambem menagem, que tanto que em besta cavalgasse se tornasse a sua prizão; El Rei D. Affonso nem podendo al fazer disse que lhe prazia.

Como antes d'aquella houve poetas, assim antes d'este houve romancistas; como Homero eclypsou a memoria dos cantos dos seus antecessores, assim Lobeira fez esquecer as mal tecidas invenções dos mais antigos novelleiros, e o Amadis de Gaula é a primeira e a principal novella no extensissimo catalogo dos contos de cavallaria. Poucas memorias nos restam acêrca de Vasco de Lobeira.

Resavam as coplas: Esta longinqua toada perdeu-se no som de outra bem diversa, que se alevantou mais perto dos dous cavalleiros. Uma voz esganiçada dava o seguinte pregão: "....Justiça que manda fazer elrei em Fernão Vasques, João Lobeira e Fr. Roy: que morram na forca, sendo ao primeiro as mãos decepadas em vida."

O certo é que Lobeira, tendo vivido no tempo de el-rei D. Fernando I e de D. João I, tinha visto as proezas que em Portugal obraram os cavalleiros ingleses, a quem devemos os progressos que então fizemos na arte da guerra. Devia elle fazer portanto alta idéa da cavallaria d'aquella nação. Nada havia mais natural do que fazer da Inglaterra o theatro das façanhas dos seus imaginarios heroes.

Esta acceitação unanime das diversas nações é o maior elogio que se podia fazer á obra do nosso Lobeira. Sendo impossivel dar uma idéa do Amadis de Gaula, teia immensa de aventuras, que ao modo das do Ariosto formam um labyrintho inextricavel, buscaremos ao menos dar a conhecer o tempo e o logar da acção, e o seu principal actor, com a brevidade a que nos constrangem os limites do Panorama.

Eram estes guerreiros que faziam aquelles votos denodados, em demanda de cuja execução muitas vezes perdiam a vida: eram estes que, discorrendo pelas terras estrangeiras, ahi deixavam perenne memoria de seus esforçados feitos. Foi na luzida côrte do mestre de Aviz onde achou a cavallaria de toda a Europa o seu Homero em Vasco de Lobeira.

Todas estas tres nações a pretendem para si; e na contenda os portugueses parece estarem peior que os seus adversarios, visto não existir o original. Mas, ao cabo, são elles que teem razão, segundo nosso entender; e por isso não duvidámos de attribuir o Amadis a Vasco de Lobeira.

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