United States or Falkland Islands ? Vote for the TOP Country of the Week !


Nem mesmo admittindo com Legrain que o cerebro reage contra a allucinação invasora com todas as suas energias, poderia evitar-se a conclusão, pois que a derrota denuncía a fraqueza e inferioridade d'essas energias. Mas será verdade, ao menos, que o perseguido reaja contra as illusões e allucinações incessantemente originadas nos centros sensoriaes sobreexcitados? De modo nenhum.

Eis como, interpretando o pensamento do mestre sobre as relações da allucinação com as idéas morbidas nos delirios d'emblèe e no Delirio Chronico, se exprimia Legrain: «O mecanismo segundo o qual se produzem as allucinações, varia nos dois casos.

Legrain, Du délire chez les dégénérés, pag. 141. Se n'esta passagem de Legrain substituirmos as expressões de cerebro anterior e posterior pelas suas equivalentes antigas de intelligencia e sensibilidade especial, reapparece-nos a citação precedente de Foville. Uma velha doutrina, pois, resurge sob roupagens novas.

Todo o commentario seria pallido, todo o retoque prejudicial a este quadro d'après nature. A questão de saber corno Magnan exprime em 1893 uma opinião diametralmente opposta á de Legrain, que em 1886 se dava como interprete da escóla de Sant'Anna, é secundaria para nós e sem interesse para a sciencia.

Magnan et Legrain, Obr. cit., pag. 60 a 62. Como se infere d'estas passagens, que citamos in extenso, porque resumem toda a doutrina da Escóla de Sant'Anna sobre o assumpto, não ha verdadeiramente, como poderia parecer, um criterio,

Estabelecendo com Magnan (como o fizera Lasègue para o perseguido) que o delirante chronico é um ser normal até á invasão da doença, Legrain compraz-se em vêr na incubação d'esta uma lucta da razão com os morbidos elementos invasores. Ao passo que o degenerado supportaria, por assim dizer, o seu delirio, espontanea manifestação de um desequilibrio preexistente, o normal fabrical-o-hia lentamente, hesitantemente e raciocinando sempre.

Como foi dito, na doutrina de Magnan a demencia faz parte do Delirio Chronico a titulo de phase terminal da sua evolução; é dizer que a psychose se installa definitivamente e o seu prognostico é sempre infausto. Ao contrario, os delirios polymorphos teriam por habituaes sahidas a cura e, menos vezes, a demencia precoce, seriam de uma duração limitada e comportariam, portanto, um prognostico discretamente benigno. Será isto absolutamente exacto? Responde negativamente a clinica. De facto, se muitas vezes se obtem a cura dos delirios multiformes e se, algumas outras, uma demencia vem precocemente fechar a sua evolução, não é menos verdade que ha, ao lado dos que assim terminam, um formidavel numero de casos de uma duração perpetua, tendendo, se tendem, para a demencia tão lentamente como o Delirio Chronico. Os proprios discipulos de Magnan o reconhecem; e Legrain não hesita em descrever delirios polymorphos ou degenerativos de marcha essencialmente chronica.

Perturbações d'ordem dynamica, alterações funccionaes, desequilibrios de movimento cellular, eis quanto o estado actual da physiologia permitte admittir. N'este sentido, o termo de erethismo, empregado por Legrain, parece-nos feliz. Mas provocado por que causa, esse erethismo? Não o diz o escriptor citado, e é lamentavel.

Qual d'estas duas hypotheses se realisa no delirio de perseguições? Segundo o antigo ensino da escóla de Sant'Anna, de que Legrain é um interprete eminente, a primeira teria logar nos perseguidos d'emblèe, que são degenerados, e a segunda nos delirantes chronicos, que são normaes até á invasão da doença.

Erro de Foville sobre as relações dos delirios systematisados com as allucinações; como se perpetuou na psychiatria franceza Uma antiga idéa de Magnan, exposta por Legrain, sobre este assumpto; falsidade d'essa idéa Primitividade da concepção sobre a allucinação nos delirios paranoicos Uma rectificação de Magnan.