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As portas aí não tinham números, mas pequenos cartões colados onde estavam inscritos nomes: John Smith, Charlie, Willie... Emfim, eram evidentemente as habitações dos criados. De uma porta aberta saía a claridade de um bico de gás; adiantei-me, e vi logo Korriscosso, ainda de casaca, sentado a uma mesa alastrada de papeis, de testa pendida sôbre a mão, escrevendo.
Esta frase extraordinária pareceria grotesca e impudente a um homem do Norte; o levantino viu logo nela a expansão de uma alma irmã. ¿Porque, não lhes disse? o que Korriscosso estava escrevendo, numa tira de papel, eram estrofes: era uma ode.
Korriscosso corou mais: mas não era o despeito humilhado do salteador surpreendido: era, julguei eu, a vergonha de ver a sua inteligência, o seu gôsto poético adivinhados e de ter no corpo a casaca coçada de criado de restaurante. Não respondeu. Mas as páginas do volume, que eu abri, responderam por êle; a brancura das margens largas desaparecia sob uma rêde de comentários a lápis: Sublime!
E voltando-lhe as costas, afastou-se, devagar, riscando o chão com a bengala. A distância, voltou-se: ainda viu, através dos vultos, o seu vestido azul. Como partiu nessa tarde para a província, não soube mais daquela rapariga loura. Aqui está, simplesmente, sem frases e sem ornatos, a história triste do poeta Korriscosso.
Falta de base, decrepitude de materiais e de individualidades... Tudo tende para o pó num solo de ruinas... Nova lacuna, novo mergulho obscuro na história de Korriscosso...
No entanto, Korriscosso permanecia de pé, respeitoso, culpado, de cabeça baixa, com o laço da gravata branca fugindo para o cachaço. Pobre Korriscosso! Compadeci-me daquela atitude, revelando todo um passado sem sorte, tantas tristezas de dependência... Lembrei-me que nada impressiona o homem do Levante como um gesto de drama e de palco; estendi-lhe ambas as mãos num movimento
Daí a pouco, com a porta fechada, Korriscosso contava-me a sua história ou antes fragmentos, anedotas desirmanadas da sua biografia.
E durante a ceia não falamos mais de Korriscosso. Serviu-nos outro criado, rubro, honesto e são. O lúgubre Korriscosso não se afastou do comptoir abismado no Journal des Debats.
E apenas Bracolletti apareceu, na sua majestade de obeso, o homem estendeu-lhe silenciosamente a mão; foi um shake-hands solene, enternecido e sincero. Bom Deus, eram amigos! Arrebatei Bracolletti para o fundo da sala, e vibrando de curiosidade, interroguei-o com sofreguidão. Quis primeiro o nome do homem. Chama-se Korriscosso disse-me Bracolletti, grave.
Em Atenas êste talento leva ao poder: Korriscosso era indicado para gerir uma alta administração do Estado: o ministério, porêm, e com êle a maioria de que Korriscosso era o tenor querido, caíram, sumiram-se sem lógica constitucional, num dêstes súbitos desabamentos políticos tam comuns na Grécia, em que os governos se aluem, como as casas em Atenas sem motivo.
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