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Amava-o. Desde os primeiros dias, a sua figura resoluta e forte, os seus olhos luzidios, toda a virilidade da sua pessoa, se lhe tinham apossado da imaginação. O que a encantava nele não era o seu talento, nem a sua celebridade em Lisboa, nem as mulheres que o tinham amado: isso para ela aparecia-lhe vago e pouco compreensível: o que a fascinava era aquela seriedade, aquele ar honesto e são, aquela robustez de vida, aquela voz tam grave e tam rica: e antevia, para alêm da sua existência ligada a um inválido, outras existências possíveis, em que se não sempre diante dos olhos uma face fraca e moribunda, em que as noites se não passam a esperar as horas dos remédios... Era como uma rajada de ar impregnado de todas as fôrças vivas da natureza, que atravessava, súbitamente, a sua alcôva abafada: e ela respirava-a deliciosamente... Depois, tinha ouvido aquelas conversas em que êle se mostrava tam bom, tam sério, tam delicado: e

Meynert expôz, em 1890, nas suas Lições Clinicas uma interessante doutrina da Paranoia, diversa das perfilhadas pelos seus predecessores allemães. Para o sabio professor de Vienna esta psychose não representaria um especial desvio ideogenico de um cerebro invalido, mas a perturbação de um cerebro normal sob a influencia de impulsos morbidos que, como nos maniacos e melancolicos, dirigem as idéas. «Os affectos originarios, escreve, são os de defeza e de conquista. Os primeiros estão em relação com o sentimento de uma influencia externa; os segundos com o sentimento de uma força que actua sobre o exterior. São processos physiologicos ou, antes, indispensaveis funcções biologicas do organismo. Um ser animal incapaz de experimentar affectos conducentes a movimentos de defeza, apossar-se-hia da natureza para as suas necessidades, mas succumbiria sem resistencia ás nocivas acções d'essa mesma natureza; um ser sem movimentos de conquista, como resultados de affectos relativos, poderia subtrahir-se aos males da natureza, mas, por defeito de apropriação, morreria á falta de satisfação das proprias necessidades. Na illimitação das idéas de defeza da creança inexperiente e timida encontra-se esboçado physiologicamente o delirio de perseguições, como o de grandezas se encontra na mesma creança, quando tenta soprar á lua para apagal-a como se fôra uma vela. O delirio de perseguição inclue em si a angustia; na Paranoia, como na mania e na melancolia, isto póde representar uma relação restabelecida entre este sentimento e as circumstancias exteriores. Do sentimento de angustia conclue-se para a perseguição. Eu vou, porém, mais longe: o que immediatamente se associa ao sentimento de angustia, é o perigo. Perigo, antes de tudo, de uma doença illusoria, na hypocondria simples; perigos, nas idéas de violencia, em connexão com a chamada angustia neurasthenica; perigos, nas coisas da natureza morta infecções, venenos; perigos, creados por nós proprios, como quando receiamos, por impulso d'outrem, cahir de uma altura. Este é o delirio de perigo. O delirio de perseguição refere-se, porém, a uma influencia procedente d'outrem, sendo certo que na Paranoia a angustia causada pelos homens excede a que determinam as coisas. O sentimento de defeza é n'este caso anthropomorphisado: como as suas aggressões procedem de um impulso humano, as que o doente receia, teem para elle analoga origem nos sentimentos dos homens, na vontade d'elles. Este modo de pensar não é especial de um estado de doença; o delirio que se lhe refere é popular, diffuso, quanto póde sel-o, por exemplo, a crença na religião natural. Todos os phenomenos favoraveis ou perniciosos, o ceu, o sol, as nuvens, o oceano, o fogo são assim comprehendidos n'um termo de analogia; e, como o homem explica as suas aggressões ou conquistas sobre o natureza como resultados de disposições que o estimulam, pensa elle que tambem as vantajosas ou maleficas influencias naturaes procedem de affectos de seres mais perfeitos. Com razão disse um dos mais profundos pensadores da época da encyclopedia que o homem creou os deuses

Sucedeu que uma fêmea, furiosa, atirou um filhito para o caniçal. Debalde gemeu ferido o pequeno macaco: os outros pareceram não cuidar em não avolumar a sua coluna com um inválido. Comovido, o grande nómada correu a apanhar o pequerrucho. Encontrou-o gemendo, de mãos estendidas no peito. Agasalhado, alimentado de frutos, o animalzito tornou-se estimável: gostava de dormir no colo de

Conta um velho histrião, descabellado e pallido, Da féra sanguinaria o instincto vil e mau, E vae chicoteando um urso meio invalido Que lambe as mãos ao povo e faz jogo de páu. Depois inclina a face e obriga a que lh'a beije A fera legendaria olhada com pavor: E uma deosa gentil, vestida de bareje, Annuncia o prodigio a rufo de tambor!

Demos, porém, a palavra ao escriptor italiano: «A Paranoia secundaria diz elle, é uma psychopatia que se affirna por delirio e caracter paranoico mais ou menos accentuados sobre um fundo de debilidade mental invasora, como terminação de uma psychonevrose que, desarranjando o equilibrio de um cerebro de si invalido, reforça processo degenerativo, abreviando-lhe a evolução e concentrando n'um mesmo individuo os caracteres de um série pathologica» .

Segundo este conceito, a Paranoia secundaria não seria, como se pretende, uma psychonevrose que, caminhando para a demencia, deixa observar systematisadas as idéas falsas da mania ou da melancolia cessantes; ao contrario, a Paranoia secundaria offereceria um terreno degenerativo, naturalmente ligeiro em si mesmo, não chegado ainda ao de dar por maturidade propria o producto da Paranoia genuina; sobre este terreno, em si mesmo degenerado, a apparição de uma psychonevrose traria um profundo desequilibrio a um espirito invalido, occasionando a manifestação de um processo com apparencias degenerativas, que por si talvez se não accentuasse.

«As balas ouviamo'-las zumbir, e bater na parede da egreja, e nas vidraças do zimborio. Todos os servos empregados na casa vieram ajuntar-se ás nossas orações, acobertando-se com a protecção dos ministros de Deus, como debeis mulheres, em semelhante lance, buscando o invalido apoio de seus maridos.

Antes de imaginar o seu Delirio Chronico anti-degenerativo, releve-se-me a expressão, Magnan reclamava para os delirantes systematisados uma ancestralidade vesanica de duas gerações, pelo menos; e esta idéa, antes emittida por Morel, é a que sempre dominou as psychiatrias allemã e italiana, accordes em acceitar como hereditariamente invalido o cerebro paranoico.

J.-T. Maston, desesperado, foi ter com Miguel Ardan, que o convidou a resignar-se, fazendo até valer certos argumentos ad hominem. «Ora pensa bem, meu velho Maston, e não vás tomar as minhas palavras em mau sentido; mas aqui para nós, a verdade é que estás muito incompleto para te apresentar assim na Lua! Incompleto! exclamou o velho invalido. Sim! meu estimavel amigo!

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