United States or Cameroon ? Vote for the TOP Country of the Week !


Através da sua vida de balcão, duramente mourejada a mover barras de ferro, feixes pesados de vergas, ceirões informes de pregaria, com intermitências raras de descanso, algum Domingo, pelas hortas dos arredores, ou

A arte n'esse tempo limitou-se a pinturas e esculpturas simples, baixos relevos ligeiros, verdadeiros traços profundos desenhando figuras informes, ou ingenuos symbolos, uns adequados do paganismo ao espirito da nova religião, outros creados, como linguagem mysteriosa, que os iniciados podiam ler e comprehender.

O cavalheiro de Mafra mal correu a vista em redor de si. Sentou-se deante do bofete da sala grande, molhou a penna na tinta grossa da escrevaninha, e começou machinalmente a traçar linhas e dezenhos informes em um papel.

As bilhas da agua d'uma fórma tradicional, archaica; o trajar dos homens do campo, de calção e polaina de coiro, jaqueta e larga faixa, o collete curto com duas ordens de grandes botões de prata, a camisa sem collar, apertada com um botão de filigrana, o peito todo de rendas; os palacios d'outro tempo, com janellas de todo o genero, largos portaes em arco e as mais bellas ferragens, agora tão infelizmente substituidas por informes pastas de ferro fundido; tudo nos transporta aos seculos passados e faz de Salamanca uma cidade interessante pelo valor instructivo, agradavel pelo desconhecido da impressão e finalmente bella por uma certa harmonia de quadro antigo que a vida moderna não logrou apagar.

Alguns Allemães e Italianos que tinham travado relações com os pilotos portuguezes, ou que se applicaram a estudos serios nos seus gabinetes, admittiam-na tambem, e alguns globos que se fabricavam, bem que informes e errados, apresentavam a terra sob a fórma espherica.

Os perfis vagos de umas coisas informes, que eu percebia estarem junto de mim, foram gradualmente fixando os seus contornos, e no fim de um quarto de hora comprehendi que estava rodeada de uma chusma de minhas irmãs. «Agora percebo eu que fui pouco habil na narração.

Vós, homens da destruição, dos alinhamentos, dos terreiros, da civilisação vandalica, é que importaes bem pouco; porque, semelhantes a vermes, roeis e não edificaes; porque não deixareis rasto no mundo depois de apagar tantos vestigios alheios; porque nada valendo, menoscabaes os que valeram muito; porque se um templo, um mosteiro, um castello duraram seis ou oito seculos e durariam, sem vós, outros tantos, as vossas picaretas, as vossas alavancas, os vossos camartellos estarão comidos de ferrugem e informes antes de vinte annos, e são essas as unicas e tristes memorias da vossa ominosa passagem na terra.

Dito isto, o nome da coisa sáe de todas as boccas: chama-se federação. Conciliação para todos os interesses, garantia para todas as liberdades, campo aberto para todas as actividades, equilibrio para todas as forças, templo para todos os cultos, a federação é a unica fórma de governo digna de homens verdadeiramente iguaes, porque é a unica fórma de governo verdadeiramente livre. Ella extingue os velhos odios, supprime os velhos partidos, não destruindo-os violentamente, mas, ao contrario, fazendo-os viver em commum, conciliando-os, mostrando que podem coexistir no seu vasto seio, no seu espirito comprehensivo e amplissimo. Estas palavras federação democratica resumem hoje o credo revolucionario, como ha oitenta annos as de republica indivisivel resumiam as aspirações da geração heroica, mas pouco experiente, que criou na historia a grande data de 1793. Quem hoje percorrer com a vista as legiões do grande exercito revolucionario europeu, raro topará com uma bandeira em que se não leia a magica legenda republica democratica federativa. Estes pendões são hasteados por mãos que têem feito, no mundo dos factos, no mundo das ideias, um trabalho formidavel. São homens que se chamam Proudhon, Shultz-Delitz, Gladstone, Vacherot, Morin, Simon, Littré, Bright, Langlois, e que são para o drama final a que se encaminha o seculo XIX o mesmo que Rousseau, Sieyès, Condorcet, Volney, foram para a tragedia dos ultimos annos do seculo XVIII. O sonho unitario dissipou-se. Uma amarga experiencia lhes mostrou que a existencia d'essa entidade puramente geographica de uma grande nacionalidade compacta não compensa a falta d'aquella outra entidade realissima, necessaria, vital, o cidadão livre. O homem, o homem no goso pleno das suas liberdades, das suas forças variadissimas, industriaes, scientificas, politicas, religiosas, esse homem não o criam as unidades artificiaes e violentas organisadas segundo o principio das grandes nações centralisadas. Era escusada, para chegarmos a isto, a experiencia custosa da França de Napoleão III. Bastava a historia, que não nos offerece o exemplo de uma unica republica democratica centralisada que chegue a durar a vida de uma geração. Fluctuam entre a anarchia e a tyrannia, até acabarem pela morte da nacionalidade, ou pela abdicação nas mãos de um chefe absoluto, pelo cezarismo. No dia em que a republica aristocratica de Roma se transforma em democracia unitaria, a sociedade romana, perdido o equilibrio, passa violentamente de tyrannia para tyrannia, até que os Cezares a acolhem á sombra mortal do seu despotismo nivelador. Florença abdica nas mãos dos Medecis: e a França, em menos de cem annos, abdica tres vezes nas mãos dos seus chefes populares e republicanos; em 1793, Robespierre; em 1804, Buonaparte; em 1851, Luiz Napoleão. Eis como vivem e quanto duram as republicas unitarias! As unicas republicas democraticas, cuja vida serena absorve a vida de muitas gerações, são duas republicas federativas: a Confederação Suissa, na Europa; na America, os Estados-Unidos. Ricas, pacificas, intelligentes, não é ainda assim a riqueza, nem a sciencia, nem a paz quem as mantem: é a liberdade; a liberdade que sabem conservar na igualdade. Typos ainda incompletos em relação ao ideal que abstractamente formamos das sociedades humanas, são todavia, para as informes agglomerações de homens, a que no resto do mundo se chama nações, verdadeiros ideaes, modelos admiraveis e quasi columnas de fogo no deserto das miserias politicas.

A Italia não tinha ainda passado da Mandragola de Machiavello; nem a França saído das informes imitações dos antigos: em Portugal havia os esboços dramaticos de Gil Vicente, os dramas-novellas de Jorge Ferreira, e as imitações classicas de de Miranda e Ferreira; a Alemanha não tinha saído ainda dos mysterios; e a Inglaterra, onde apparecera o divino Shakspeare, era, excepto pelo lado politico, uma terra incognita para os escriptores hespanhoes.

Com os informes de todos esses confidentes anonymos, pela mór parte amigos e para assim dizer vassallos graciosos, pude alfim reconstituir da gran senhora a estatua arcaica, entrevêl-a como atravéz dos veus d'um santuario, e do lado esquerdo do peito acender-lhe uma luz, que póde ser não seja alma, mas que servirá para marcar o sitio onde bateu um coração.