United States or Aruba ? Vote for the TOP Country of the Week !


E para que desmaie o fogo da heresia, O fogo a que se aquenta a sordida relé, Debalde sopra o clero á cinza inutil, fria, Aos ultimos carvões do extremo auto-da-fé! Ó pavidos heroes da lugubre tragedia Que a historia do passado aos seculos ensina! Ó despotas feudaes da torva idade-media! Ó soffregos irmãos das aves de rapina!

Martins aprecie as razões por que, ainda por este lado, nada encontro de anormal e de perturbador no curso da evolução geral da civilisação durante a Idade-media, nem vejo que houvesse interrupção de desenvolvimento produzida por causas estranhas e fortuitas.

Daqui parece o autor concluir que a evolução normal da civilisação foi perturbada, durante um certo periodo, pela introducção violenta de elementos estranhos, constituindo uma como massa indigesta, cuja laboriosa digestão produzindo uma lethargia secular, explica sufficientemente a interrupção de desenvolvimento que descobre na idade-media.

Se o infante D. Henrique é o traço de união que para todo o sempre, emquanto se não perder a memoria das grandezas passadas com a existencia do ultimo homem, nos liga ao Oriente, cujas portas abrimos, cujos mares devassamos, cujos emporios vencemos, D. Alvaro Vaz de Almada é o vinculo eterno que nos prende ao Occidente cavalheiresco, ás tradições aventurosas do brio militar e do militarismo galante que foram, na Europa da idade-média, a suprema expressão da nobreza da alma humana.

Ora, no momento em que a cidade do Porto vai prestar uma grande homenagem collectiva ao infante Descobridor, que n'essa boa terra nasceu, e fazer resuscitar por alguns dias o periodo mais brilhante da nossa historia nacional, pareceu-me justo, agora o repito, recordar o vulto do homem que, ao lado de D. Henrique, synthetisa o seculo XV, a transição da idade-média para os tempos modernos, na historia de Portugal.

Assim é que no Cancioneiro da Vaticana encontramos a seguinte chistosa caricatura de um cavalleiro da idade-média: caval'agudo que semelha forom, em cima d'el un velho selegon, sem estrebeyras e con roto bardon, nem porta loriga, nem porta lorigon, nen geolheiras quaes de ferro son, mays trax perponto roto sen algodon, e cuberturas d'un velho zarelhon, lança de pinh'e de bragal o pendon, e chapel de ferro que x'i lhi mui mal pon; e sobarçad' un velh' espadarron; cuytel'a cachas, cintas sen forcilhom, duas esporas destras, ca sestras non som, maça de fusto que lhi pende do arçom.

O trabalho sobre a descentralisação municipal da idade-media, inserto no 4.º volume da Historia tem sido, até hoje, considerado como obra definitiva. O peso da investigação carregara a indole d'este homem d'estudo; o seu cerebro transbordou.

Elle bastaria por si a caracterisar uma época, o occaso da idade-média em Portugal, se, a dous passos de distancia, os descobrimentos maritimos, promovidos pelo infante D. Henrique, não tivessem vindo relegar para o segundo plano do vasto quadro da civilisação universal todos os outros factos, e todos os vultos humanos que não collaboraram directamente n'essa colossal epopêa das aventuras maritimas.

Popularisada pelo espírito sectarista da Renascença, ainda conserva raíses teimosas no cérebro contemporáneo a impressão de que a Idade-Média mais não foi do que uma deprimente crise, em que tudo quanto de nobre existe no homem correu sério risco de naufrágio.

Alongados os descobrimentos maritimos pela costa occidental da Africa, iniciado, com chave de oiro, o periodo dos factos gloriosos, que nos deram farta participação nos progressos da civilisação universal, fechava-se, simultaneamente, a porta do espirito cavalheiresco que dominára o coração dos portuguezes da idade-média. Depois d'isso fomos guerreiros, mas não eramos cavalleiros.

Palavra Do Dia

sentar-nos

Outros Procurando