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«Presidente, este typo surdo mudo Por signaes o seu voto ora pretende Declarar; é teimoso, é cabeçudo.» «De mimicas aqui ninguem entende! Subjuguem-n'o, e ferrem-lhe um cascudo E ponham-o fóra, que se emendeEgualdade, onde estás! protesta um gebo; Eu tambem, diz um gago, a não concebo.

Todas as tardes descia e tornava altas horas, com pão para o Gebo, que lagrimejava prostrado, gordo e ridiculo, como uma bola de sebo e de cabellos brancos estacados. Oh este cantar das mulheres, esta toada em farrapos, é a voz dos desgraçados, dos pobres, dos que não têm pão, nem felicidade, nem arrimo na terra!...

E elle a bufar, exclamava succumbido: Valha-me Deus, mulher! N'esses dias aziagos ella dizia improperios á vida e ao Gebo, que nem sequer tinha forças para as sustentar a ambas. Olha os outros! olha os outros! E elle atrapalhado: Mas que hei-de eu fazer, mulher? Vae roubal-o! vae roubal-o!...

Está vivo n'um tumulo: as paredes esbrazeadas, á força d'elle sonhar, a rubro como as pedras d'uma forja, conhecem a sua historia. Pára no patamar o Gebo contando o que soffreu aos pobres que o querem ouvir.

Põe-se o Gebo a contar a sua historia, surge o Corsario, uma velha tragica, com o caio dos palhaços, o Astronomo, um sabio hirsuto, o Gabirú, philosopho esguio e hirto como uma taboa, que tem descoberto mundos e ignora as coisas mais simples d'esta vida. Remexe n'um brazido de idéas e nunca olhou cara a cara a existencia.

a filha, Sofia, era sempre a mesma, sem queixas, magra e linda, e com um sorriso tão triste que lembrava certas horas em que ha sol e chuva misturados. E como o Gebo lhe queria! Pelo seu destino que seria amargo, por a ver rapar miserias, e por ser o unico sêr no globo, que lhe não dizia más palavras. ia indo pela vida fóra, cossado e com um ar de afflicção que fazia rir.

Era casado o Gebo e tinha esta felicidade: uma filha. Oh uma filha!... Uma filha sempre prende a existencia! uma filha pequenina sempre tem nas mãosinhas uma força! Assim esse velho ridiculo e gordo tambem fôra feliz outr'ora. Era d'estes lares apagados e sumidos, onde a vida corre com a monotonia d'uma fonte, sempre egual e prompta a apagar todas as boccas sequiosas.

Sempre a suar, quasi sem saber gritar nem saber queixar-se, o Gebo tinha um coração igneo. Era d'estas creaturas a quem um montão de desgraças torna ainda mais ridiculas: a ruina, a quebra, a miseria, a fome. Enlameado pela vida fóra, resignado e chorão, elle ahi vae... Ó Gebo! E todos se riam ao vel-o chorar d'afflicção. Diziam uns: Que não fosse tolo!

Ao contrario da mulher, que quasi não dormia e levava a noite inteira a scismar e a chorar, elle, logo cahido na cama, logo tombava como morto. Ás vezes a mulher nem descançar o deixava; queria falar, discutir, ouvil-o... Dormes como um porco! Fala, escuta-me! E o Gebo, a pingar de somno, se punha a dizer palavras, coisas desnorteadas, até que ella enfurecida exclamava: Dorme!

Alguns soldados portuguezes e hespanhoes, que por alli estanciavam, mantinham a neutralidade, ou riam á socapa do infeliz gêbo. O bacharel, vendo passar uma guarda de soldados francezes, bradou ao commandante, dizendo-lhe em francez que era victima da canalha, porque adorava Napoleão.

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