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A casa das mulheres de dia é funebre, mas de noite, á luz do petroleo que esvoaça e deixa tudo n'uma meia tinta d'afflicção candieiros partidos, luzes fumarentas lembra um circo de desgraça, onde palhaçadas tragicas façam gargalhar e onde os ladrões e as mulheres enfarinhadas representem a serio vicios e crimes, com risos e choros á mistura, para que o publico que paga se possa rir.

Quando deitou a mão á corda do sino, que deu na noite negra uma badalada lugubre, o galo preto romano soltava pela terceira vez a sua voz clara e sonora de espancar visões e pesadelos. Um gargalhar surdo e um rumôr de maldições e pragas perderam-se no ar, emquanto o Manoel cahia pesadamente no chão, agarrado ainda á corda do sino que tremia nas suas mãos crispadas.

Aquella velha encarquilhada e ignobil que encontrei na estrada de Cascaes, pelo crepusculo suave, tinha uma historia. Estava bebeda. A bocca onde dois unicos dentes se mostravam, careados, no gargalhar, a bocca de beiços finos e roxos, sabendo a alcool e a podridão, tinha gritado dores, tinha tambem beijado. Contou-me tudo, como n'um vomito.

Desceu, vagaroso, as primeiras desegualdades da gruta, depois tombou, num novello, levantou-se, descreveu a curva de terra, fronteira á linha de agua; e, a correr, em gargalhar parallelo ao som rouco das ondas, seguiu o desenho da bahia, a esparsar a loucura em movimento, e sempre a rir, a rir, num cascalhar pavoroso! Era manhã. Um lençol de nevoa intensa vestia as armas reaes do Forte.

Ia atraz de mim a gargalhar, desfiando, por entre os labios resequidos, palavras desconexas, chamando-me a attenção. O velho trapo! Na cabeça calva a cuia á banda era grotesca. E no movimento sacudido da embriaguez e do delirium-tremens, as vestes esgarçadas pareciam agitar bandeirolas, saia de farrapos, corpo de lona. E não me deixava!

«E, por tanto, se essa mulher, que tanto amavas, te cravou o punhal hervado da deshonra no intimo seio onde lhe tinhas a imagem; se te coou mortal peçonha no beijo que te deu com os labios crestados da lava de outros lubricissimos; se te fez a fabula dos visinhos, e te plantou na praça onde ha o gargalhar dilacerante, e ahi te poz ao cêvo dos corvos que crocitam á volta do corpo onde farejam morta uma alma; se te levou o nome pelos seus muladares, a rojo da cauda de seus vestidos mercadejados com o corpo; se te acalcanhou o coração, e te matou no cerebro o roixinol dos teus cantares; se te incutiu no eu objectivo a dyspepsia, a hepathite, a hypocondria, a cacochimia, e emfim te poz a honra e os intestinos entre o suicidio e o inevitavel opprobrio: sabes o que hasde fazer?

Olhou mais, esfregou os olhos, e olhou ainda... Fixou ao longe o vago liquido daquella massa immensa. De repente, como quem encontra o que procura, illuminou a physionomia da sua faceira glabra num sorriso de idiota manso, que se foi abrindo em riso brando, e mais, e mais, até que lhe distendeu as maxillas, num gargalhar continuo...

«Ha ahi um gargalhar que a sciencia denomina spasmo cynico, ou de cão, um exhibir das arcadas dentarias até aos condylos.

Riso brutal, decerto, gargalhar selvagem de mandibulas desconjunctadas, riso que faria desmaiar de espanto e de terrôr as preciosas do palacio Rambouillet e as marquesinhas liricas do Trianon mas riso verdadeiro, espontáneo, irreprimivel, riso de creanças e de heróes, riso sem adjectivos nem parti-pris, riso simplesmente e nuamente riso! Eis, porém, que o ano mil se avisinha.

Toca a gargalhar da Desgraça e da Dor; transformem em farça toda a tragedia humana. Diz que estás apaixonado? O Gabiru calla-se. Tu não falas?... Ah tu não falas, enguiço?...

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