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Seguiram-se-lhe discipulos convictissimos, que ainda agora pugnam por todos os governos, e por amor da ordem que está como poder executivo. Preparava Calisto um projecto de lei para a abolição dos vinculos, quando recebeu a seguinte carta de Lopo de Gamboa: «Primo e amigo. Recommendaste-me que désse juizo a tua senhora e minha prima. Contra paixões não ha conselhos.

A commiseração feriu as estragadas entranhas do morgado. Foi apanhar a mulher do chão, reteve-lhe os braços que escabujavam, e levou-a d'alli para um leito, onde a deixou entregue ás criadas e ao primo Lopo de Gamboa, que vinha entrando. Passada a crise, Theodora ardia em febre, e dava pouco tino das pessoas que a rodeavam.

Não te lembres de infidelidades do teu Calisto. O primo Gamboa é um patarata sem juizo, que te diz essas coisas para te disfructar. Quando vier o recoveiro de Miranda, manda-me presunto, salpicões, e algumas ancoretas do vinho da Ribeira. Teu muito affecto e extremoso Calisto.» *A mulher fatal* Ás tres horas em ponto, parou uma sege de praça, á porta de Calisto Eloy de Silos.

«O primo Affonso de Gamboa esteve ha dias, e a modo de caçoada foi-me dizendo que na capital as mulheres inguiçam os homens, e fazem d'elles gato sapato. Eu fiquei sem pinga de sangue, meu Calisto! Mal fiz eu em te deixar ir ás côrtes. Bem tolo é quem está bem na sua casa, e se mette n'estas coisas dos governos, que servem para quem não tem que perder, como diz o primo Affonso.

Saiu Theodora cabisbaixa da saleta, e Lopo de Gamboa despediu-se, pedindo-lhe que tolerasse com generosidade as tolices de sua prima, que tudo aquillo n'ella era rudeza e bondade do coração. Bem sei, bem sei... disse Calisto Eloy, e recolheu-se á sua bibliotheca, a principiar uma carta, que dizia: «Minha querida Iphigenia.

Para leitores entendidos na perversidade humana, a carta de Lopo de Gamboa é uma refinada e suja barganteria, estudada e escripta com um despejo não vulgar em bachareis d'aquelles sitios. Aquelle homem, se tivesse nascido em terras onde ha a centralisação dos biltres, morria com um nome para lembrança duradoura.

Por esta occasião, Braz Lobato, religada a amizade antiga, escreveu ao fidalgo uma carta em que, pouco menos de brutalmente, reproduzia os boatos correntes ácerca do procedimento da sr.^a D. Theodora com o seu primo Lopo de Gamboa. O barão experimentou um mal-estar de especie nova, que se desvaneceu a pouco e pouco, e mui levemente se repetiu no dia seguinte.

Foi tamanha sua vergonha e odio, que d'alli escreveu a Lopo de Gamboa, reagradecendo-lhe o aviso que lhe dera do infame projecto de Theodora; e, lhe asseverava que, depois de tão incrivel e original desaforo, se considerava viuvo, e nunca mais diante de seus olhos consentiria similhante furia.

Deixo de notar o que pensou em todo o caminho; não pensou nada. As idéas marinhavam-lhe no cerebro, como em hora de temporal, no meio de uma confusão de ventos e apitos. Entre ellas rutilou a faca de bordo, ensanguentada e vingadora. Tinha passado a Gambôa, o Sacco do Alferes, entrára na praia Formosa.

Pode ser que um lenço marcado com o nome d'elle e uma ancora na ponta, porque ella sabia marcar muito bem. N'isto chegou á Gambôa, passou o cemiterio e deu com a casa fechada. Bateu, fallou-lhe uma voz conhecida, a da velha Ignacia, que veiu abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva. Não me falle n'essa maluca, arremetteu a velha.