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E a Disputa do Santo Sacramento? E a Escola de Athenas? E Psyché? E Galathea? a Galathea que sou eu, que deve ser o teu quadro dilecto, por que te ama, por que corresponde ao teu amor d'artista! E o Vaticano, Raffaelo? O Vaticano onde o teu nome fica para sempre escripto, para sempre coroado pela maior das realezas do mundo a gloria!

Por Deus, querida, que me despedaças o coração! Por Deus te juro, que o meu amor é teu. Não falles da fioraia, que é apenas uma recordação. Todas as flôres de Florença não valem essa poeira branca que te cobre as tranças e faz lembrar a neve da manhã que polvilha a rosa. Querida, se tu soubesses com que vertiginoso enthusiasmo eu vou copiando nas faces da Galathea o colorido da fornarina! Quero deixar o teu retrato no palacio de Agostino; preciso que todos saibam que te amei. Se visses a Galathea, conhecias-te.

Ao tempo que o talento de Raphael começava a assombrar a Italia inteira, um opulento negociante de Sienna, Agostino Chigi, confiou do seu pincel a decoração d'um palacio que mandára construir nas margens do Tibre. Raphael quiz ainda dizer o derradeiro adeus á antiguidade, e, antes de voltar ao Vaticano, pinta para o palacio de Agostino dous quadros notabilissimos Galathea e Psyché.

Muitas vezes, emquanto pintava a Galathea, abandonava a paleta para ir vêr fornarina, cujo retrato se reproduz em quasi todas as obras da segunda metade da vida de Raphael. Por uma d'aquellas manhãs formosas da Italia, em que todo o céo se esbate n'um azul delicioso, fornarina, que estava cuidando d'umas flôres dispostas na janella, levantára de golpe a cabeça, ao sentir passos conhecidos.

Não era esta a maçãa d'ouro formosa Com qu'encoberta assi d'astucia tanta Cydippe s'enganou por cubiçosa, Nem a que o curso teve d'Atalanta; Mas era aquella, com que Galathêa O pastor captivou, como elle canta. Se más tenções puzerão nodoa fêa Em nosso firme amor, d'inveja pura, Porque pagarei eu a culpa alhea?

Marcella é o seu pensamento predilecto das horas pacificas da existencia, a que ha de herdar-lhe o manto prophetico com que o pae penetrava nos mundos da poesia. Poeta, enleva-se diante da sua obra, a ideal Galathea, onde vive uma alma afinada pelas mesmas harmonias; ama-a, com que ternura!

A Bella-Jardineira. Que ha-de ficar da fornarina? A Galathea. Ella era mulher do povo; eu tambem sou. Cabe-nos a mesma sorte; o esquecimento. O teu amor é um capricho de artista; é mais um devaneio da tua phantasia, que uma necessidade do teu coração. O artista copia, mas o homem não ama.

N'esse dia era-lhe permittido vibrar livremente a sonoridade metallica da sua voz. Riu alegremente, e desappareceu por entre os alegretes com o rapido deslisar das deusas do paganismo. E as brancas nymphas de loiça, e os sarcasticos satyrosinhos de marmore, que se alapavam entre a verdura do jardim, pareciam dizer á veloz aiasinha n'uma longa resonancia: Viva, Galathea!

O bonito desperta-nos esse sentimento espontaneo por inspiração intuitiva; o feio leva ao mesmo resultado pela reflexão. O Sapo, de Victor Hugo, asqueroso, repellente, depois de idealisado, é profundamente bello. Quando se espiritualisa a imagem, e é esta a missão da arte, o espirito ha de amar a sua creação. O estatuario delira com o amor da Galathea.

Quem ha de crêr na mortalidade da alma, quando ella assim se rejubila ao do golfão em que o corpo se despenha como pedaço de materia postulosa e tábida? E não te salvou o anjo da arte, ó poeta das primaveras, dos arreboes, e dos crepusculos? Não tinhas uma Galathea em cada uma das tuas camponezas? Não te palpitavam aquelles corações debaixo da palheta?

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