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floreja nas planicies, verdeja pelos montes; é o mez de Amor, é o mez de Philoméla. Aureo amanhece o dia suspirado da romaria annual; léguas em roda tudo é festa, esp'rança, e regosijo. As povoações, desertas. Por estradas, por torcidos atalhos, por oiteiros, correm de toda a parte ornados bandos.

Alguns, pobres moços, levados da esperança, vivendo mal, açoitados pela sorte, emmagrecendo na luta; rindo sempre na bochecha da vida positiva, deitando a lingua de fóra entre desdens ás exigencias e riscos d'ella; desprezando o dinheiro, nervo de todas as cousas, que aplaina e floreja o caminho, torna facil estudar, independencia ao espirito; sustentando-se de theorias; compondo maximas e conceitos d'este genero: «

E viste, finalmente, o condemnado a quem o vento do sepulchro sacode sobre a escada do cadafalso, que pende para a morte como a hastea que se murcha, e que d'alli, de sobre esse triangulo erguido para vergonha da humanidade, escarneo de Deos, e epigramma da civilização, d'alli arremessa uma vista infinita, insondavel, incomprehensivel para a turba, que brutalmente o festeja, mas para a turba, que elle nunca mais ha de ver: para o mar, que lhe rebrame ao como se cantara uma nenia execravel, mas para o mar, que elle nunca mais ha de ver; para os céos, que recamados de sombras como que lhe toldam a esperança desapiedados, mas para os céos, que elle nunca mais ha de ver; para a terra, que lhe floreja ao longe alegre e formosa como se o quizera insultar no ultimo transe, mas para a terra, que elle nunca mais ha de ver; para as memorias d'um passado talvez prenhe de sangue e de remorsos, mas um passado, que elle nunca mais ha de ver; e essa vista resumida, em fim, a luctar entre a mortalha e o vestido, entre o carcere e a corda, entre a corda e a tumba, entre a morte e a vida, alli lhe foge toda para a vida; para a vida, que lhe matam, para a vida tão querida, tão linda e tão doce olhada do cadafalso, para a vida suspirada, gemida, e anciosamente chorada d'aquella altura tremenda, para a vida porque é sua, para a vida porque é boa, para a vida ainda que fora ? é o amor do condemnado; é o meu amor.

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