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O papagaio está quase pronto, que trabalhão! Estava na dúvida se lhe poria o bico assim, de gancho. Não gostava. O risco era do Fernandinho. lhes fizera outro, talvez mais bonito. Coisas de anjinhos: Verás.

No palco estavam todos perfilados, trajando como na peça. O Freitas da recebedoria com o seu fato de Marco Aurélio; o Paula de cardeal, báculo em punho e a cara metida numa estriga; o Fernandinho de menino de coro, todo lépido; a Ana Pisca muito acanhada no seu fatinho de Olívia; a Margarida que tinha feito de anjo no quadro final da Glória, em que ela subira num cesto vindimo

E relembravam episódios, particularidades quase extintas: o Fernandinho vestido da menino do coro, batina vermelha e roquete de rendas, cobrindo-se de teias de aranha pelo forro do teatro, de gatinhas e com um «toco» de vela na mão, aos tropeções, para ter o gosto de ser ele a despejar do óculo aquela papelada; o Melo da administração, vestido de Frei António, sandálias e grande chinó de calva redonda, feita de uma bexiga de porco, com o Teles em triunfo por entre os bastidores, seguido pela turbamulta dos companheiros, em hábitos de frade e fardetas de galuchos, dando vivas ao poeta! ao grande Teles, ensaiador da rapaziada!

Casualmente, Fernandinho olhou de longe para os do estanco, disse-lhes adeus com a mão, afável. Corresponderam todos, muito risonhos, mas a chamar-lhe nomes por entre os dentes: idiota, palerma, pechisbeque... Sozinho, numa lentidão moribunda, olhos nas botas, olhos no céu, o Teles escrivão passava ao largo, ruminando alguma poesia.

Era em extremo philantropica: e de muitas conseguira ella até a sincera veneração de santinha, que realmente era. Quando, por acaso, se fallava em Luiza áquella pobre gente d'aldeia, esta retorquia logo com vivo interesse: Ai! a Luizinha! a noiva do sr. Fernandinho! isso é mesmo um anjo, meu senhor! E elle, que bondade, que ternura!

O palerma do Fernandinho dera-lhe agora para cantar. andava ele. Volta meia volta, Vai alta a lua na mansão da morte com umas tremuras na voz, que eram mesmo de o esbofetear. Estava antipático, aborrecido, desde que andava de namoro com a Marques. tinha uma coisa boa a caligrafia. Um talhe de letra bonito, confessavam. E as calças, hein? reparem vocês naquelas calças, vai flamante.

Copiados por mim, uma letra floreada esclareceu o Fernandinho. Ele depois assinou e fez no ar, com o dedo, o traço complicado da firma complicada do Teles. Pediram silêncio outra vez. O Rodrigues continuou: «Publicámo-los na convicção de que eram da lavra daquele senhor, pois que ele os assinava.» E então? perguntaram uns poucos, sem compreender ainda.

E trauteava as primeiras notas, castanholando com os dedos. Se era preciso, o Fernandinho ia pelo violão.