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Se em teu valor contemplo a menor parte, Vendo que abre na terra hum paraiso, Logo o engenho me falta, o esprito míngoa. Mas o que mais me impede inda louvar-te, He que quando te vejo perco a lingoa, E quando não te vejo perco o siso.

Os Physicos vem e vão, Sem saberem minhas mágoas, Nem o pulso me acharão; E se o querem ver nas ágoas, As dos olhos lho dirão. Se com sangrias tambem Procurão ver-me curado; O temor de meu cuidado O mais do sangue me tem Nas veias todo coalhado. Quero-me aqui encostar, Que ja o esprito me cae. Leocadio, vae-me chamar Os Musicos de meu Pae; Folgarei de ouvir cantar.

Póde hum desejo immenso Arder no peito tanto, Que á branda e á viva alma o fogo intenso Lhe gaste as nodoas do terreno manto; E purifique em tanta alteza o esprito Com olhos immortais, Que faz que leia mais do que vê'scrito.

Vivendo ainda tres annos despois de sua mulher, nam se acha que composesse mais que hum Soneto que fez á sua morte. Foi digna cupula posta á sua obra poetica. Aquele esprito, tam bem pagado Como ele merecia, claro e puro, Deixou de boa vontade o vale escuro, De tudo o que ca viu como anojado.

Tanto no seu engano procedeo, Que não sabe na morte inda apartar-se Dos erros que na vida commetteo. Bem póde o coração desenganar-se, Que o fogo d'hum querer, n'alma inflammado, Não costuma na morte resfriar-se. Porque despois do corpo sepultado, Prisão onde s'encerra o fraco esprito, Eternamente chora o seu cuidado.

Não quero mais senão que largamente, Senhor, me mandeis novas dessa terra; Que alguma dellas me fara contente. Porque se o duro Fado me desterra Tanto tempo do bem, que o fraco esprito Desampare a prisão onde s'encerra; Ao som das negras ágoas do Cocito, Ao dos carregados arvoredos Cantarei o que n'alma tenho escrito.

A vós se dem, a quem junto se ha dado Brandura, mansidão, engenho e arte, D'hum esprito divino acompanhado, Dos sobrehumanos hum em toda parte: Em vós as graças todas se hão juntado; De vós em outras partes se reparte. Sois claro raio, sois ardente chama; Gloria e louvor do tempo, azas da fama.

Aquelle saber grande que juntou Esprito e corpo em liga generosa, Esta mundana máchina lustrosa, De sós quatro elementos fabricou. Tomava Daliana por vingança Da culpa do pastor que tanto amava, Casar com Gil vaqueiro; e em si vingava O êrro alheio, e perfida esquivança.

Pastores deste valle ameno e frio, Que de Tionio o caso desastrado Quereis nas altas serras que se conte; Hum tumulo, de flores adornado, Lhe edificai ao longo deste rio, Que a vela enfreie ao duro navegante: E o lasso caminhante, Vendo tamanha mágoa, Arraze os olhos d'ágoa, Lendo na pedra dura o verso escrito, Que diga assi: Memoria sou, que grito Para dar testimunho em toda parte Do mais gentil Esprito Que tirárão do mundo Amor e Marte.

Da Veloſo eſpantado hum grande grito, Senhores caça eſtranha diſſe he eſta, Se inda durão o Gentio antigo rito, A Deoſas he ſagrada esta floresta: Mais deſcobrimos do que humano eſprito Deſejou nunca, & bem ſe manifeſta Que ſam grandes as couſas, & excellentes Que o mundo encobre aos homẽs imprudẽtes.

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