United States or Tunisia ? Vote for the TOP Country of the Week !


Ao fundo começava uma escaleira aberta na muralha, tortuosa, falhada nos degraus, e obstruida por grandes pedregulhos. E o velho começou a subil-a, levando a lanterna na mão. Como a escadaria era de volta acanhada, e o passo de espira excessivamente baixo e deprimido, forçoso nos era de subir corcovados, porque não fendessemos o craneo d'encontro ao rebordo dos degraus superiores.

Harpa meridional, porque, no extremo Da terra patria, o trovador errante Não deixaste partir com seus males? Porque vieste, oh filha do occidente, Cruzando os mares embrenhar-te em nevoas De céu septentrional? Tu, pobresinha, Se, hoje, pendente em tronco de pinheiro, Sem haver mão que te vibrasse as cordas, Jazesses esquecida, ainda soáras Com incerta harmonia. Ás horas meigas Em que o dia se esvai, placida a brisa, Que espira do oceano e encrespa as vagas, Passaria por ti, e te agitára, E murmuráras som que respondera Trémulo, fraco, á flauta dos pastores Sussurrando suave entre as quebradas Da montanha selvosa. E aqui?

Fogem as neves frias Dos altos montes quando reverdecem As árvores sombrias; As verdes hervas crecem, E o prado ameno de mil côres tecem. Zephyro brando espíra; Suas settas Amor afia agora; Progne triste suspira, E Philomela chora: O ceo da fresca terra se namora. Ja a linda Cytherêa Vem, do côro das Nymphas rodeada; A branca Pasitêa Despida e delicada, Com as duas irmãas acompanhada.

He hum malhado tigre; a mim corre, Ao peito o aperto, estalão-lhe as costelas, Desfallece, cahe, urra, treme, e morre. Vem agora hum Leão: sacode a grenha, Com faminta paixão a mim se lança; Venha embora, que o pulso Ainda não se cança. Opprimo-lhe a garganta, a lingua estira, O corpo lhe fraquêa, os olhos inchão, Açoita o chão convulso, arqueja, e espira.

Do veterano as faces O salso pranto réga: Nos africanos montes Saudoso os olhos préga. Sente no seio as ancias D'incomportavel dor, E ás vezes range os dentes Em trances de furor. Um cantico á su' alma A indignação inspira: Vai sussurra-lo ao longe Aura que branda espira.

Setembro de 1851 Porque languida essa frente Descai, quando a tarde espira? Porque nesse olhar dormente Tua alma ingenua suspira? Porque? ai! porque? responde; Que se amor do ceo procura, Eil-o; em meu peito se esconde; Vive, é teu, tens a ventura! Verás como então brilhante, Seduz, toma vida, inspira, Esse teu bello semblante, Que apenas hoje se admira! Ilha da Madeira Novembro de 1850.

Estes taes, exteriormente tranquillos, podem encostar-se ao braço, fitar os olhos no livro aberto ante si, e aspirar naquellas paginas sublimes e profundas o halito consolador que dellas espira. Mas para o homem do povo, quasi primitivo, quasi selvagem, cujos olhos nadam em pranto, e que se estorce e brada flagellado pela afflicção, a biblia é nesses instantes inutil, porque é impossivel.

Asa longinqua a sacudir loucura, Nuvem precoce de subtil vapor, Ansia revolta de misterio e olor, Sombra, vertigem, ascensão Altura! E eu dou-me todo neste fim de tarde Á espira aerea que me eleva aos cumes. Doido de esfinges o horizonte arde, Mas fico ileso entre clarões e gumes!... Miragem rôxa de nimbado encanto Sinto os meus olhos a volver-se em espaço!

Á sua voz obedeciam aquelles milhões e milhões de forças occultas e satanicas: e elle tinha o dom d'arrastar na espira lôbrega dos seus maleficios, o desgraçado que se lhe approximasse. Oh, não era ausencia d'energia physica que me impedia de o acabar elle era magro, ossoso, quasi decrepito... Mas a sua vista dava-me um embaraço! Com o mais ligeiro impulso eu poderia derribal-o.

E deixei de ouvir o rumor dos seus passos, emtanto que a subida se tornava vertiginosa, inquietadora, embriagante. Cada vez os degraus me pareciam mais estreitos, o passo de espira mais apertado, e o caracol de pedra mais asphyxiante.