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O Ernestinho deu dois passos fora da porta, e chamou para a varanda, onde grandes manjericões floriam: Ó Emília! Emilinha! A mulher assomou, gorducha, muito mole. Três limonadas, ouves? Três limonadinhas, depressa. As conversas animavam-se. Pois senhores! havia de ser difícil encontrar uma colecção de asnos assim. Falavam dos que passeavam na praça, aos grupos. Deus os faz, Deus os ajunta.
Houve agitação, alguns puseram-se de pé, outros mudaram de lugares. Ia a passar um grande carro de palha chiando muito. Ernestinho chegava-se de novo, muito ronceiro, roendo as unhas. Com que então... ponha lá ao pé dos outros? disseram-lhe, para o lisonjear nos seus despeitos. Bem bom freguês! Ele encolheu os ombros e cerrou os olhos, beatificamente, num gesto de mártir resignado.
Dentro do balcão, ao pé das garrafas com licor, e das botijas de genebra, Ernestinho somava a conta. Era já taluda. «E vão dois e dois quatro e dois seis, seiscentos e vinte!
O senhor Ernesto, se faz favor, ponha isto lá no caderno, ao pé dos outros. Ernestinho foi para dentro, contrafeito, fazer o apontamento. Houve um silêncio oprimido, o dos cigarros tossiu para o quebrar, ao mesmo tempo que num gesto acanhado, receoso, fazia menção de oferecer: «alguém era servido?»
E as palavras saíam-lhe a correr, espremidas nos seus lábios delgados, um poucochinho sibiladas nos ss. Cigarros, Ernestinho, um vintém deles. Querem-se dos de Lima, desses fortes. Declarou que também havia dos «especiais.» Algum senhor queria? Tinham chegado três maços, p'ra ver. Oito por um vintém. Pois guarde-os! disseram alguns, horrorizados com a ideia de dar um vintém por oito cigarros.
Quando o Melo ia sair, a ver o que ia na praça, o Ernestinho, muito cortês, objectou-lhe que faltavam trinta réis: Se ali não tinha, depois. Isso era o mesmo... Mas trinta réis?!... De que são os trinta réis? perguntou desconfiado o Melo. Do açúcar, foi do refinado, explicou o Ernestinho. O mascavado acabou-se. Amanhã ou depois já devo ter mais. O senhor Melo desculpe.
Teles, a quem mais de uma vez tínhamos fechado a nossa porta por incapaz. Hoje damos-lhe com ela na cara por indigno.» E o Rodrigues fechou o livro com estrondo, como os outros fechariam a porta na cara do Teles escrivão; tomou praça fora, o livro debaixo do braço, e foi-se para o estanco do Ernestinho, altivo, solene, vingado!
Ponha lá que em gosto é a mesma coisa. E aquela porcaria, ó Ernestinho, e aquela porcaria amarela que sujava tudo de escuma? Alguns cuspiram, disseram ao Alves que se calasse, que vomitavam, com seiscentos diabos! Cerveja! disse o Ernestinho cerveja! uma coisa que lá p'ra baixo toda a gente bebe por gosto, as senhoras mesmo. E com um sorriso de desdém, exclamou: O que é ser do calcanhar do mundo!
Cá fora tinham dado fé, acotovelavam-se chamando asno ao Ernestinho, um pulha a quem ajudavam a viver... Se hoje não há dinheiro, há-o amanhã, essa é boa! E pagava-se, c'os diabos! E pagava-se. Mas não senhor! aquela besta mostrava sempre má cara, o alarve! A culpa tinham-na eles, afinal que o procuravam, que o preferiam. Tomaram os outros ter aquela freguesia...
E cumprimentando em roda: Meus caros! Muito boa tarde, Sr. Ernesto. Foi-se, puxando para baixo as pernas da calça, alisando as joelheiras. Que tal está o asno, hein? Quer, ainda por cima, que o Ernestinho lhe diga bem-haja... Era um parvo. Era um tolo. Tinha dívidas nos outros estancos. Em toda a parte. Lá em casa a família passava fomes. Um batoteiro de marca.
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