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Aconteceu um dia que Emilio da Cunha, no meio d'uma conversa, que tinha seguido n'um objecto mui diverso, parasse precipitadamente para dizer a sua filha: Tu acreditas sinceramente no arrependimento de teu primo? Oh! sim, meu pai se apressou em responder Valentina. Queira Deus que te não enganes.

N'esse mesmo dia de tarde Emilio da Cunha tomou lugar no caminho de ferro até ao Carregado, e ahi na mala-posta até ao Porto, onde trinta e seis horas depois se achava nos braços de sua querida filha Valentina, que immediatamente tinha ido procurar ao collegio. Tu sahes , do collegio, minha filha lhe diz Emilio da Cunha para retomares, e nunca mais deixares, o teu lugar a meu lado.

O que elle pede é a liberdade collectiva, a felicidade da sua patria, mas se o destino lhe fôr adverso, contentar-se-ha com a liberdade individual, volverá á modesta posição de escriptor, aos seus jornaes americanos, á sua velha propaganda até que resurja de novo a aurora, porque Emilio Castelar morrerá republicano, sorrindo á liberdade.

A carta continha tambem a descripção de todos os successos, que se tinham dado desde que Roberto tinha desapparecido; a decadencia de Emilio da Cunha, a pobresa em que tinham vivido em quanto que o seu trabalho mal retribuido lhe dava parcos meios de subsistencia, e o melhoramento de sua posição, finalmente continha tambem algumas palavras d'exhortação e amisade.

Ao sair dos palácios de feeria por onde a voz dela o ia levando, o Emílio ficava a olhar as jóias, os anéis, a pedras preciosas esparsas na sua mesa de doente e luzindo em sortilégio, na penumbra. Eram olhos de fadas, encantados...

Emilio da Cunha, que tinha um coração bondoso, e um caracter pundonoroso, para que a memoria de seu irmão não ficasse deshonrada, comprometteu-se a pagar as dividas e recolheu em sua casa o filho para lhe substituir o pai, que tinha perdido; procedimento louvavel, e digno de se admirar, sabendo-se que elle tinha uma filha, para quem, passados quatro ou cinco annos tinha a procurar um casamento vantajoso.

Entretanto, o que mais desejavam era vel-o porque tinham a dar-lhe uma importante noticia. Estes rapazes chamavam-se Jayme Maupertuis, Feliciano Didier e Emilio Branche. Eram, como Maximo Ronquerolle, poetas, jornalistas e politicos. Pobres, quasi desconhecidos, procuravam ser alguma coisa e para esse fim corriam em busca da fortuna e da gloria. Todos os quatro eram republicanos.

Era então um rapaz que se atirava ao turbilhão da mocidade, ebrio d'esperança e gloria. Sobre o seu temperamento divergem todavia as opiniões; o doutor Macedo Pinto cita-o como sanguineo, e Emilio Deschanel attribue-lhe uma organisação essencialmente nervosa, como a de Bellini e Beethoven.

Temos visto como Emilio Deschanel desenvolveu galhardamente a these de Buffon, O estylo é o homem, encarregando-se de demonstrar que o seculo, o clima, o solo, a raça, o sexo, a idade, o temperamento, o caracter, a profissão, a hereditariedade physica e moral, a saude, o regimen e os costumes, tudo isso se espelha na superficie ora limpida ora revolta do estylo.

Roberto, se chamava o sobrinho de Emilio da Cunha, tinha 15 annos d'idade, mas o pai, inteiramente entregue ás especulações, e aos cuidados, que ellas trazem comsigo, descuidou completamente a sua educação, por isso o seu retrato moral, n'esta occasião, nada tinha de vantajoso; o espirito tinha-o completamente inculto; as noções que possuia do justo e do injusto eram as mais erroneas e disparatadas; o respeito aos direitos d'outrem era para elle uma invenção estupida dos homens, condemnada pela natureza, e a verdadeira liberdade consistia em fazer o mal impunemente.

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