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O subito furor lhe figurava Que as árvores e os montes se cahião; Ja dos pudicos membros se privava, Que os horrores a tanto o constrangião; Ja indignado no monte se lançava: De sua morte as feras se doião. Dest'arte perdeo Atys na espessura, Despois de tantas perdas, a figura.

Herva se não verá, que alli criasse O monte ameno, triste ou venenosa, Senão que no centro as igualasse. Hortelãa, mangerona, alli respirão, Onde nem frio inverno, ou quente estio, As murchárão jamais, ou sêccas vírão. Dest'arte vai seguindo o curso o rio, O monte inhabitado e o deserto Sempre com verdes árvores sombrio.

O caso d'Acteon tambem diria Em cervo transformado; e melhor fôra Se dos olhos perdêra a vista pura, Que em seus galgos achar a sepultura. Tudo isto Acteon vio na fonte clara, Onde a si d'improviso em cervo vio: Que quem assi dest'arte alli o topára, Que se mudasse em cervo permittio. Mas, como o triste Principe em si achára A desusada fórma, se partio.

Vejo que me roubou fortuna escura Hum bem por quem meu mal me contentava: Lembra-te tu de tanta desventura. Lembra-te tu, que de ti'sperava Remedio aos males meus; e então verás Qual ficou quem em ti confiava. Lembre-te adonde estou, adonde estás, E que tudo sem ti m'aborrece: Dest'arte o estado meu entenderás.

Dest'arte me chegou minha ventura A esta desejada e longa terra, De todo pobre honrado sepultura. Vi quanta vaidade em nós s'encerra, E nos proprios quão pouca; contra quem Foi logo necessario termos guerra. Huma Ilha que o Rei de Porcá tem, E que o Rei da Pimenta lhe tomára, Fomos tomar-lha, e succedeo-nos bem.

Como homem que á aprazada briga vinha, A quem de fóra engana A confiança humana, E despois, vendo o rosto a quem resiste, Treme, e teme o perigo e não insiste; Ja se arrepende, a audacia lhe fallece: Dest'arte o pastor triste Ousa, receia, esforça e enfraquece. E tendo assi ja attonito o sentido, Cometteo com furor desatinado, E tirou da fraqueza coração.

E despois de ser tomada Toda a Cidade, com gloria D'Amphitrião bem ganhada, Como em sinal de victoria, Esta copa lhe foi dada. Por ella bebia ElRei, Em quanto a vida queria; E eu, porque te cumpria, A seu escravo a furtei, Que n'huma caixa a trazia. Esta poderás levar A Alcmena, por lhe mostrar Verdadeiro, o que he fingido; E dest'arte serás crido, Sem mais outro ardil buscar.

Assi se desafião estes rudos Poetas, nos officios discrepantes; Nos engenhos porém subtis e agudos. Eis ja mil companheiros circumstantes Estavão para ouvir, e apparelhavão Ao vencedor os premios semelhantes. As bem sonantes lyras se tocavão; Agrario começava, e da harmonia Os pescadores todos s'admiravão; E dest'arte Alicuto respondia.

Eu vejo pelo ar volantes carros, Quaes vão nas ondas os baixeis arfando; E nelles os mortaes tranquillos vejo Sem temer o despenho, e não lhes lembra, Que afrontada dest'arte a Natureza, Tire vingança da famosa injuria. Eu vejo o golpe, e a victima primeira Em Rosier intrepido, que sobe; Elle o primeiro foi, mas prestes passa, Do regaço da gloria ás mãos da morte.

E tu, gentil Senhora, não te obriga A pranto sempiterno a morte dura De quem por ti somente a vida amava? Por ti aos ecos dava Accentos numerosos; Por ti aos bellicosos Exercicios se deo do fero Marte. E tu ingrata o amor ja n'outra parte Porás, como acontece ao fraco intento: Que, emfim, emfim, dest'arte Se muda o feminino pensamento.