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No tempo que se perderam as Espanhas, que reinava El-Rei Dom Rodrigo, que vai para quatro centos annos que com as sêcas se despovoaram as gentes, e pereceram com a grande esterilidade e da entrada dos Mouros, como mais largamente se trata nas Escripturas antigas, por a qual causa do Porto de Portugal os mareantes e homens Fidalgos tendo noticia que para o Ponente havia terra que até então não fora descoberta, sómente pelas informações dos antigos e dos Espiritos tinham d'ella informação, determinarão de se embarcarem em sete náos com toda sua familia, e de hirem correndo ao Ponente confiados na misericordia de Nosso Senhor navegarão; e pela altura do Porto que está em 41 gráos correrão tanto que forão por barla-vento das Ilhas dos Açores, que inda não erão descobertas, e forão aportar na Ilha de S. Francisco que está pela dita altura, onde dizem as informações que tenho, que foram n'ella dar: e eu por rasão da nevegação acho ser sua derrota assim; queira Nosso Senhor permittir se descubra esta Ilha como atraz fica dito onde ella demora; e por irem em sete náos disem as informações que cada capitão com sua náo, tanto que aportarão, se repartirão cada um em sua parte da Ilha, e os antigos lhe chamão a esta Ilha as sete Cidades; mas outros por via de França lhe chamão a Ilha de S. Francisco, o qual, por quem é, queira rogar a nosso Senhor dêmos com ella para valermos á salvação da gente que n'ella está, pois procede de Christãos: e achei mais que é terra de boa habitação por ser grande e de muito proveito; e por rasão da virtude dos climas acho está situada no 5.^o clima, que dado que seja mais frio que as Ilhas dos Açores não o é tanto como França, Inglaterra, porque é Ilha do mar a que o mar aquenta, e mais, que nas faces do sul é habitavel os dois terços d'ella debaixo de boas zonas.

Estudemos agora o primeiro, a seu tempo estudaremos o segundo. Todos os soldados de Antonio da Silveira, um capitão que andava pela costa, entre Chala e Daman, trouxeram fato, escravos e dinheiro, com que foram contentes; e assolaram tudo «em tanta maneira que se despovoaram todolos logares da fralda do mar, que pela terra dentro dez leguas não havia gente». Em Barava, destruida por Tristão da Cunha, os barbaros cortaram as mãos e as orelhas ás mulheres para furtarem as manilhas e brincos de ouro. A tomada de Mangaluru ficou celebre: «Foi entrada com muito valor, e dentro d'ella fizeram os nossos espantosas cruezas, não perdoando a sexo nem a idade, nem ainda ás alimarias». D. Paulo de Lima «deu na cidade de Johore (Jor) escreve á esposa e assolou-a com o favor divino». N'outro logar os combatentes, empilhados contra os muros, pedem aos da frente que, por amor de Deus, lhes deixem matar um mouro. Á approximação dos portuguezes, despovoam-se as cidades e fogem todos com terror: assim aconteceu em Bintang. Albuquerque sustentou por tres annos, no mar da Arabia, a sua armada com as presas das náus de Meka. Quando os portuguezes occuparam as terras de Bardez «fizeram mui grandes males de roubos, tyrannias, tirando as mulheres e filhas formosas a seus maridos, e outras corrompiam, e as furtavam e tornavam a vender». O de Hormuz queixava-se de que, em paz, lhe tiravam, a elle e aos seus, «parentas de que (os nossos) faziam uso, tornando-as christans a seu pesar». O roubo e a luxuria, alliados aos inimigos, davam lugar a interminaveis guerras: assim os capitães de Malaka originaram as de Johore e do Atchim (Achem); e nas Molucas a cidade de Bachian, despovoada e vasia, foi incendiada, indo-se os barbaros ás sepulturas dos reis furtar os ossos, na esperança de receber por elles, mais tarde, um grosso resgate. Roubando e pirateando á solta, o genio aventuroso dos portuguezes larga as azas, e os exploradores vão até aos confins do mundo, fiados no seu atrevimento. Dois heroes das Peregrinações teem uma historia extravagante. Um, Antonio de Faria, vae á China roubar os sepulcros dos imperadores; outro, Diogo Soares de Albergaria, obtém o titulo de irmão do rei de Pégu, com duzentos mil cruzados de renda e o commando do exercito: é o rei, mas morre assassinado, por ter furtado uma rapariga. Nem se julgue que pelos confins do mundo oriental portuguez, em Hormuz ou em Malaka, ou pelas costas, nos seus navios, a furia dos portuguezes se desmanda em ferocidades anarchicas. Na propria Gôa, capital, a vida é um combate. Pelas ruas ha batalhas e cadaveres insepultos. Um governador prende certos salteadores portuguezes, manda-os ferrar no rosto, junto á picota, e degredar para o Brazil: logo um pelotão de amigos se amotina em armas para os libertar, e, não podendo conseguil-o, vae a bandear-se para os mouros inimigos: o governador manda-os desorelhar e amarrar aos bancos das galés; fogem e fortificam-se, e é necessario tomar á força o reducto; prisioneiros, são, afinal, amarrados vivos a elephantes, e esquartejados.

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