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A peor hora era ao anoitecer. Depois de rezar o seu rozario, ficava junto á janella olhando estupidamente as gradações da luz poente; todos os campos pouco a pouco se perdiam no mesmo tom pardo; um silencio parecia descer, pousar sobre a terra; depois uma primeira estrellinha tremeluzia e brilhava; e diante d'ella era então uma massa inerte de sombra muda até ao horisonte, aonde ainda ficava um momento uma delgada tira côr de laranja desbotada.

Oh! quantas privações, quantos sacrificios, quantas luctas conjugaes, que scenas intimas, para alcançarem aquella toillete mesquinha, desbotada, humilhante, que parece ter malicias diabolicas em cada uma das suas pregas, a rir-se ferozmente no seu fru-fru escarnecedor.

O venerando leito de cabeceira de talha alta e columnas enroscadas occupava o centro da primeira casa, e podia quasi dizer-se um edificio, um monumento, pelo descommunal das proporções. Um pesado baldaquino de seda desbotada cobria o céu da cama, e largas cortinas do mesmo estofo desciam dos lados a arrastar pelo chão.

Um Natal como este que passamos, com um sol de uma pallidez de convalescente, deslizando timidamente sobre uma immensa peça de seda azul desbotada, um Natal sem neve, um Natal sem casacos de pelles, parece tão insipido e tão desconsolado como seria em Portugal a noite de S. João, noite de fogueiras e descantes, se houvesse no chão tres palmos de neve e cahisse por cima o granizo até de madrugada!

Deante d'essa varanda, na claridade forte, pousava a mesa mesa immensa de pés torneados, coberta com uma colcha desbotada de damasco vermelho, e atravancada n'essa tarde pelos rijos volumes da Historia Genealogica, todo o Vocabulario de Bluteau, tomos soltos do Panorama, e ao canto, em pilha, as obras de Walter Scott sustentando um copo cheio de cravos amarellos.

Pois não vês que se a luz do sol nascente Á rosa na manhã desabroxada, Não illumina as folhas, desbotada Fica n'aste pendente, Sem perfume, sem vida abandonada? Dize: então queres tu que a formosura Que o Senhor estampou no teu semblante, Sem renome, sem gloria, passe obscura No mundo em que radiante Ostentar-se podia magestosa? Queres vel-a abatida como a rosa Que o sol não illumina?

Um trem passava levando as palavras no ruidoso estremecer dos seus movimentos; vendilhões apregoavam, e a D. Clementina, na impossibilidade de atirar amabilidades para a janella do commendador, enviava uns sorrisos pudicos, d'uma honestidade quarentona, como ainda sabiam fazel-os os seus labios de purpura desbotada.

Aquela pompa deslumbra: mas quando o vento da tarde passar, talvez achal-a pendida sobre os espinhos da áste, semimorta, sem que do esplendor da manhã lhe reste mais que a túnica de purpura ja desbotada, em que se envolve como uma rainha decaída no manto da sua antiga realeza.

Os traços de amargura, que lhe tatuavam a physionomia, não lhe venciam a raça: era a mulher fraca, simulando força. Tinha o aspecto de quem despreza a vida, cumpria o destino. A sua figura desbotada, mantinha-se como num tablado, por dar contas a si propria. Nem vigilias, nem dores haviam conseguido deminui-la. A artista parecia vigiar a mulher. Preparava-se para morrer.

N'este momento agora, e ao entrar na pequena espessura d'aquellas árvores, animava-o uma viva e inquieta expressão de interêsse quebrado comtudo, sustido, e, para assim dizer, soffreado de um temor occulto, de um pensamento reservado e doloroso que lhe ia e vinha resumbrando na face, como a antiga e desbotada côr de um estôfo que se tingiu de novo que é outro agora mas que não deixou de ser inteiramente o que era...