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Se um d'esses homens for poeta... e quem ha que o não seja depois do baptismo da sombra d'estes salgueiraes, do perfume d'estes campos, do crystallino d'este ambiente, da doçura d'estas aguas, da verdura d'estes montes, da fresquidão d'estas brizas? aqui a poesia bebe-se pelos olhos, pela bocca, pelos ouvidos, sem o querer, sem o cuidar, sem o sentir; cada pedra, cada tronco leva inspirações ao amago do seio, que desatina a cantar como a zagala ao desabrochar do dia, ou como a avesinha, que saúda a primavera; aqui murmura melodias o ciciar da aragem nas flores da collina; o scintillar da lua quando num tecto de saphira pende accesa como lampada de sanctuario; o ardor do sol, quando se alastra em diamantes por cima do estendal da arêa; o echo a responder sonoro ás palmas d'um folguedo; a vara do barqueiro a resvalar nos seixinhos do rio; o lavadouro da tricana, que geme debaixo dos seus golpes, menos duros porque os acompanha uma cantiga de amores! até os nomes dos sitios têm aqui uma suave harmonia, como preludio de canção, que deixa adivinhar-lhe toda a lindeza!.... Mas não vês, Elysa, como eu vou longe do que ia dizendo? era Coimbra, que me arrebatava nas ondas da sua poesia; foi uma nova prova do seu poder; voltemos porém ao primeiro proposito.

Não vês tu como ao caír da noite vem sempre um suspiro pendurar-se nos labios em busca d'um irmão a quem se abrace? não vês como é então que a mulher desatina a cantar sem o cuidar, sem o sentir, sem o querer talvez, e como que respondendo a outra voz que a chama? não vês como a donzella, com todos os affectos ainda em botão virginal, começa de adivinhar um segredo, um segredo lindo, que lhe anda entre nuvens no pensamento?

ALCIDO. Fazeis-me vós juiz? Quereis que aguarde? Ora cantae sem preço e sem inveja; E seja logo, porque ja he tarde. DELIO. Learda minha, branca mais que a neve, E muito mais corada que a grãa fina; S'inda Amor a vencer-te não se atreve, Que fara quem d'Amor por ti se fina? Eu morro; e tu meu mal julgas por leve? Não vês tu como ja me desatina?

6 As ondas navegavam do Oriente nos mares da Índia, e enxergavam Os tálamos do Sol, que nasce ardente; quase seus desejos se acabavam. Mas o mau de Tioneu, que na alma sente As venturas, que então se aparelhavam A gente Lusitana, delas dina, Arde, morre, blasfema e desatina.

As ondas nauegauão do Oriente Ia nos mares da India, & enxergauão Os talamos do Sol, que nace ardente, Ia quaſi ſeus deſejos ſe acabauão: Mas o mao de Tioneo, que na alma ſente As venturas, que então ſe aparelhauão Aa gente Luſitana dellas dina, Arde, morre, blasfema & deſatina.

Eis logo desatina o triste velho; Eis que sem mais conselho a filha entrega, Que com chôro se nega e com palabras, Ao simple guarda cabras, por esposa. Ah hora desditosa! ah sorte dura! Daquella formosura desusada, De tantos desejada, e de mi tanto Servida com espanto e puro amor, Quizeste, por mais dor, enriquecer Quem não sabe entender o preço della?

Amor he hum fogo que arde sem se ver; He ferida que doe e não se sente; He hum contentamento descontente; He dor que desatina sem doer; He hum não querer mais que bem querer; He solitario andar por entre a gente; He hum não contentar-se de contente; He cuidar que se ganha em se perder; He hum estar-se preso por vontade; He servir a quem vence o vencedor; He hum ter com quem nos mata lealdade.

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