United States or Puerto Rico ? Vote for the TOP Country of the Week !


Deolindo chegou a ter um impeto; ella fel-o parar com a acção dos olhos. Em seguida disse que, se lhe abrira a porta, é porque contava que era homem de juizo. Contou-lhe então tudo, as saudades que curtira, as propostas do mascate, as suas recusas, até que um dia, sem saber como, amanhecera gostando d'elle. Pode crer que pensei muito e muito em você.

Como elle se despedisse, Genoveva acompanhou-o até á porta para lhe agradecer ainda uma vez o mimo, e provavelmente dizer-lhe algumas cousas meigas e inuteis. A amiga, que deixára ficar na sala, apenas lhe ouviu esta palavra: «Deixa d'isso, Deolindo»; e esta outra do marinheiro: «Você verá». Não poude ouvir o resto, que não passou de um sussurro.

Interrompidos por uma mulher da visinhança, que alli veiu, Genoveva fel-a sentar-se tambem para ouvir «as bonitas historias que o Sr. Deolindo estava contando». Não houve outra apresentação.

Juro por Deos que está no céu; a luz me falte na hora da morte... Pois, sim, Deolindo, era verdade. Quando jurei, era verdade. Tanto era verdade que eu queria fugir com você para o sertão. Deus sabe se era verdade! Mas vieram outras cousas... Veio este moço e eu comecei a gostar d'elle... Mas a gente jura é para isso mesmo; é para não gostar de mais ninguem... Deixa d'isso, Deolindo.

Pode ser que um lenço marcado com o nome d'elle e uma ancora na ponta, porque ella sabia marcar muito bem. N'isto chegou á Gambôa, passou o cemiterio e deu com a casa fechada. Bateu, fallou-lhe uma voz conhecida, a da velha Ignacia, que veiu abrir-lhe a porta com grandes exclamações de prazer. Deolindo, impaciente, perguntou por Genoveva. Não me falle n'essa maluca, arremetteu a velha.

Tudo isso lhe passou pela cabeça, sem a fórma precisa do raciocinio ou da reflexão, mas em tumulto e rapido.. Genoveva deixou a porta aberta, fel-o sentar-se, pediu-lhe noticias da viagem e achou-o mais gordo; nenhuma commoção nem intimidade. Deolindo perdeu a ultima esperança.

Contou á outra a anecdota dos seus amores maritimos, gabou muito o genio do Deolindo e os seus bonitos modos; a amiga declarou achal-o grandemente sympathico. Muito bom rapaz, insistiu Genoveva. Sabe o que elle me disse agora? Que foi! Que vai matar-se. Jesus! Qual o que! Não se mata, não. Deolindo é assim mesmo; diz as cousas, mas não faz. Você verá que não se mata. Coitado, são ciumes.

Encontraram-se em casa de terceiro e ficaram morrendo um pelo outro, a tal ponto que estiveram prestes a dar uma cabeçada, elle deixaria o serviço e ella o acompanharia para a villa mais recondita do interior. A velha Ignacia, que morava com ella, dissuadiu-os disso; Deolindo não teve remedio senão seguir em viagem de instrucção. Eram oito ou dez mezes de ausencia.

Que esmolas, Genoveva? O que digo é que não quero esses cochichos á porta, desde as ave-marias... Dous dias depois estava mudada e brigada commigo. Onde mora ella? Na praia Formosa, antes de chegar á pedreira, uma rotula pintada de novo. Deolindo não quiz ouvir mais nada. A velha Ignacia, um tanto arrependida, ainda lhe deu avisos de prudencia, mas elle não os escutou e foi andando.

Deolindo sorriu. Era assim mesmo, uma noite de almirante, como elles dizem, uma d'essas grandes noites de almirante que o esperava em terra. Começára a paixão tres mezes antes de sahir a corveta. Chamava-se Genoveva, caboclinha de vinte annos, esperta, olho negro e atrevido.

Palavra Do Dia

sentar-nos

Outros Procurando