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E não era por singular affeição que tivesse á Rainha, nem por sentir que em ser o Infante D. Pedro Regedor era perda ou damno do reino; mas sómente segundo juizo commum e especiaes, que se depois seguiram, era com respeitos de seu interesse particular; de que porventura lhe dava mais esperança a brandura da Rainha governando, que o rigor e justiça do Infante regendo.

Ninguem responde; o mar de longe bate; Move-se brandamente o arvoredo; Leva-lhe o vento a voz, qu'ao vento deita. Ah Fortuna cruel! ah duros Fados! Quão asinha em meu damno vos mudastes! Com os vossos cuidados me cansastes, E agora descansais co'os meus cuidados.

Onde lembranças mata a larga ausencia, Em temeroso mar, em guerra dura, A saudade alli'stá mais segura, Quando risco maior corre a paciencia. Mas ponha-me a Fortuna e o duro Fado, Em morte, ou nojo, ou damno, ou perdição, Ou em sublime e próspera ventura; Ponha-me, em fim, em baixo ou alto estado; Que até na dura morte me acharão Na lingua o nome, e n'alma a vista pura.

Diz-lhe antes que escolheste o mais longo paroxismo de uma morte atribulada; que podeste acreditar que elle violara o seu juramento; conta-lhe tudo quanto a traição inventou em teu damno; diz-lhe que ainda convencida de que elle morrera, depois de atraiçoar-te, lhe perdoaste, e caíste de joelhos aos pés da cruz, pedindo á misericordia infinita que lhe perdoasse o perjurio.

Acordâmos em uma voz e acordo, todolos fidalgos, cidadãos, e homens bons da cidade de Lisboa, consirando o trabalho e grande destruição que em todo o reino ha por causa de ter diversos Regedores, entre os quaes sempre era divisão, em grande damno e perda de todo o reino, querendo a cidade remediar a serviço de Deus e d'El-Rei nosso Senhor, como aquella que sobre todas as cousas d'este mundo mui leal e verdadeiramente o ama, todos em uma voz acordamos, e determinamos que n'estas côrtes que ora prazendo a Deus serão feitas, conhecendo nós a grande lealdade e muita prudencia do muito alto e muito excellente Principe e Senhor o Infante D. Pedro, e como é filho legitimo do muito poderoso e virtuoso Rei D. João nosso Senhor, cuja alma Deus haja, e o mais ancião sangue chegado á mui alta e real corôa do muito excellente e poderoso Principe El-Rei D. Affonso nosso Senhor, que elle dito Senhor Infante D. Pedro seja Regedor livremente e in solido n'estes reinos, e até que prazendo a Deus, El-Rei nosso Senhor, que sobre todos mais lealmente amamos, seja em edade para os por si poder reger e deffensar, ao qual tempo o dito Senhor Infante D. Pedro seu leal sangue e vassalo leixará livremente a possessão de seus reinos e senhorio; e lhe entregará a ministração e Regimento d'elles pacificamente, para El-Rei nosso Senhor os governar e reger, como fizeram os mui virtuosos Reis d'onde elle descende; e vindo tal caso, que o Senhor Infante D. Pedro não possa ter o Regimento e governança dos ditos reinos, que por esta fórma e maneira seja dada e a haja o mui leal Principe e Senhor Infante D. Anrique seu irmão; e fallecendo elle, seja por o semelhante dada ao Senhor Infante D. João; e por esta guisa ao Senhor Infante D. Fernando, que Deus de terras de mouros traga com bem e liberdade a estes reinos; e fallecendo todos ante que El-Rei D. Affonso nosso Senhor seja em edade para reger, que então por esta fórma venha o dito Regimento ao conde de Barcellos, e aos condes d'Ourem e d'Arrayollos seus filhos, com todas as clausulas e condições suso escriptas.

E d'alguns combates que os mouros deram á villa e á coiraça juntamente, elles foram dos christãos com tanto seu estrago e damno escramentados, que d'hi em diante refusavam e não se queriam chegar como sohiam.

Os da cidade vendo a contumacia e ousadia de D. Affonso, receosos de poder ser com algum fundamento que a elles podesse ao diante trazer damno e perigo, por accordo geral que sobr'isso houveram, foram cercar o castello e o vallaram d'arredor, e lhe pozeram estancias e guardas para que de noite nem de dia não entrasse nem sahisse d'elle alguma pessoa, nem os de dentro podessem receber soccorro, aviso, nem mantimentos.

Ferreira, que egualmente reunia as duas qualidades, á primeira vista incompativeis, de doutor e poeta, defendendo essa alliança, dizia: Não fazem damno ás musas os doutores, Antes ajuda a suas letras dão. A passagem de de Miranda pelo professorado da Universidade foi rapida.

Ah se o supremo fôras desta vida, Qu'em ti se começára a minha glória! Mas como eu não nasci para ter glória, Senão pena que cresça cada dia, O ceo m'está negando o fim da vida, Porque não tenha fim com ella o damno: Para que nunca possa ser contente, Da vista me tirou aquella vista.

Digo que vaes morrer e que aproveites o tempo que te dou para encommendar a tua alma a Deus, repetiu o mouro com frialdade que fazia tanto damno como o de uma folha de aço. E accrescentou logo: Se o proprio Deus houvesse baixado á terra para me annunciar que morrerias ás minhas mãos, teria duvidado de Deus; vês se tinha ou não no teu carinho!