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«Estando êle assim, no melhor do canto, caiu morto sobre aquela ágoa, que o levava tam depressa que o não pude eu ir apanhar. Eu, que lhe tinha respondido, detive-me um pouco cuidando como lhe preguntaria outro tanto d'éla: maiormente da causa que foi das suas lagrimas quando não pôde, senão muito tarde, dizer: «filho».

«Ergueu-se apressadamente Lamentor, levando a mão a um terçado, que junto da cabeceira tinha; mas vendo chorar todos derredor da cama de Aonia, e Belisa, a quem tinham erguida até aos peitos, como passada d'este mundo, abraçando-a, se chegou para éla, dizendo: «Que cousa foi esta, senhora?» «E as lagrimas enchiam, com estas palavras, todo o rosto seu e o d'éla.

«E Aonia nunca se virou para aquela sua banda, que continuada sempre d'éla era; mas antes, porque ia inclinada para aquela parte onde o esposo ia, pareceu-lhe a êle que o ia muito mais do que éla ainda ia, e que o fazia por acinte. E isto é natural, pois quando uma pessoa vos cae n'um erro, todas as cousas, que depois faz, tomais á pior parte, como aqui aconteceu.

Os danos da terra fraca, porque está em nosso poder sairmo-nos d'éla, não os podemos sofrer; os da outra, que não está em nós vedarmo-los, sofrêmo-los como podemos. Assim, tambem digo eu, senhor cavaleiro: no vosso caso, não estejaes agastado; descansae, e tornae tudo á culpa da terra

«Mas, emfim, cuidando o que determinou, o chamou, e fazendo-lhe um discurso largo, entre outras cousas, lhe disse que lhe não parecia bem ser êle mesmo que levasse á senhora Cruelcia a nova da aventura que não achára, vindo por amor d'éla; mas que seria bem levar-lh'a êle, e dizer-lhe que da sua mofina quisera êle que fosse outrem o portador.

«Desejava tanto este apartamento, porque bem sabia êle que havia de sofrer mal o ver-lhe deixar Cruelcia; porque era da criação d'éla, que lh'o dera para o acompanhar, e nunca outra cousa êle lhe dizia senão que a havia de tomar em matrimonio, porque era de alto sangue, e herdava terras onde êle podia repousar os derradeiros dias da vida, que não deixam tomar armas com honra.

«E entrando, e vendo a senhora Aonia, que em grande extremo era formosa, soltos os seus longos cabelos que toda a cobriam, e parte d'êles molhados em lagrimas, que o seu rosto por alguma parte descobriam, foi logo trespassado do amor d'éla, sem haver quem, por parte d'outrem, fizesse defeza alguma; e como o amor viesse juntamente com a piedade, parecia que vinha éla ; mas, quando se descobriu, eram conhecidas tantas razões por parte da senhora Aonia, que não tam sómente lhe esqueceu a outra, mas não lhe lembrou mais senão para lhe pesar do tempo que gastára em seu serviço.

Mas, pelo outro defeito que tinha, quis-se a ama encobrir d'éla; e, posto que aquilo tudo logo se lhe assentasse na alma, para o desfazer, disse-lhe que se fosse d'ali; que éla conhecia aquele pastor, e, por lhe ver um dia tanger uma flauta bem, perguntára por êle, e disseram-lhe que era filho do maioral de uma grande manada de vacas e gado que n'este vale anda.

Disse então que n'aquilo se enxergava que era desejado tudo o que com mais trabalho se podia haver; porque não se podia ir alem sem se passar a agoa, que corria ali mansa e mais alta que na outra parte. Algumas das ramas estendiam-se por cima d'agoa, que ali fazia algum tanto de corrente, e, impedida por um penedo, que no meio d'éla estava, se partia para um e outro lado, murmurando.

As cousas, Arvores, nuvens, serras pedregosas, São penumbras que á luz do meu olhar Se dissipam, de subito, no ar. De tal forma meu sêr se concentrou Na visão da Creança, que além d'ela, Não vejo flôr ou ave ou luz de estrela, Limpido céu azul, verde paisagem! Dir-se-á que o seu Espectro reencarnou Em mim, que não sou mais que a sua Imagem! Quantas horas passava contemplando Seu pequenino Vulto.