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Ahi um Santo allegorico, um Solitario do seculo VI, morria uma tarde sobre as neves da Silesia, assaltado e domado por uma tão inesperada e bestial rebellião da Carne, que, á beira da Bemaventurança, subitamente a perdia, e com ella o fructo divino e custoso de cincoenta annos de penitencia e d'ermo: um corvo, facundo e velho além de toda a velhice, contava façanhas do tempo em que seguira pelas Gallias, n'um bando alegre, as legiões de Cesar, depois as hordas de Alarico rolando para a Italia, branca e toda de marmores sob o azul: o bom cavalleiro Percival, espelho e flôr d'Idealistas, deixava por cidades e campos o sulco silencioso da sua armadura d'ouro, correndo o mundo, desde longas éras, á busca do San-Gral, o mystico vaso cheio de sangue de Christo, que, n'uma manhã de Natal, elle vira passar e lampejar entre nuvens por sobre as torres de Camerlon: um Satanaz de feitio germanico, lido em Spinosa e Leibnitz, dava n'uma viella de cidade medieval uma serenada ironica aos astros, «gottas de luz no frio ar geladas»... E, entre estes motivos de esplendido symbolismo, vinha o quadro de singela modernidade, as Velhinhas, cinco velhinhas, com chales de ramagens pelos hombros, um lenço ou um cabaz na mão, sentadas sobre um banco de pedra, n'um longo silencio de saudade, a uma restea de sol d'outono.

E não abrandou o passo até á cidade, levado de um impulso d'indignação que, sob aquella dôce paz d'um meio d'outono, lhe suggeria planos de vinganças ferozes. Chegou a casa esfalfado, ainda com o ramo na mão. Mas ahi, na solidão do quarto, veio-lhe pouco a pouco o sentimento da sua impotencia. Que lhe podia fazer por fim? Ir pela cidade dizer que ella estava gravida? Seria denunciar-se a si.

Dizia uma suprema despedida, n'um bosque, por uma tarde pallida d'outono; depois, o homem solitario e precito, que inspirára um amor funesto, ia errar desgrenhado á beira do mar; havia uma sepultura esquecida n'um valle distante, brancas virgens vinham chorar á claridade do luar! Muito bonito, muito bonito! murmuravam.

Sería pela volta do meio dia quando saltámos no chasse-marée que devia conduzir-nos de Jersey a Saint-Maló, atravessando aquella estreita porção do canal que nos separava da França. Sentimentos encontrados eram nesse momento os meus. O sol resplandecia brilhante, e o ar estava puro e sereno: era um dia d'outono, tão bello como o que mais o fosse em Portugal.

Porque será o meu criterio mais seguro que o de tão finos entendimentos através dos tempos? Quem sabe? Talvez n'essas obras exista a sublimidade e no meu espirito a impotencia de a comprehender». E o desgraçado Cornuski, com a alma mais triste que um crepusculo d'outono, continuava, diante dos córos da Athalie e das nudezes do Ticiano, a murmurar desconsoladamente: «Como é bello

Não viria ninguem de terras bem distantes como veio a Jesus José d'Arimathêa trazer o esquife novo, os cheiros penetrantes, e o nitido lençol de preciosa teia, nem feririam o ar gritos dilacerantes quando o seu corpo vil rolasse pela areia! Não ouviria mais, pelos serões d'outono, na tremula floresta o vento suspirar!

Era talvez meia noite quando despertei a um rumor lento e surdo que envolvia o barracão como de forte vento n'um arvoredo, ou uma maresia grossa batendo um paredão. Pela galeria aberta, o luar entrava no quarto, um luar triste d'outono asiatico, dando aos dragões suspensos do tecto fórmas, semelhanças chimericas...

Que amais as tristes paysaygens E as cousas mysteriosas, A longa chuva, as viagens, E as melodias nervosas. Nas longas noutes d'outono Que o vento varre a poeira, E a chuva bate sem somno! Folheae esta carteira! O primeiro conviva, em punho a taça, Ergueu-se lentamente, e com voz rouca, Bradou: Amigos! consenti que faça Uma saude á Morte a velha louca! A minha historia é triste e muito pouca!

Pelos outeirinhos, coroados pouco havia de vinhas frondosas, viam-se espalhadas as videiras cobertas de folhas resecadas antes de tempo, ou ennegrecidas pelo fogo, assimilhando-se a gandra coberta de urzes, que foi desbravada por fins d'outono. As vastas hortas, que se derramavam por Valverde, trilhadas pelos pés dos cavallos, estavam incultas e abandonadas.

Romam tu mihi sola facis. Folhas mortas d'outono ou d'inverno precoce, No teu regaço amigo, estes versos deponho, Para que o teu amor lhes vida e remoce, Porque a Arte começa e acaba num sonho...