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Se reparasse que ella é datada no Seio de Abrahão, deprehenderia logo que, em nome de Pedro de Alpoem, degolado em 20 de julho de 1581, alguém escreveu aquella carta, como vinda d'além-mundo. E, até no começo da carta, as palavras: Obriga-me a escrever a v. exc.^a d'est'outro mundo de verdades e desenganos, estão confirmando a ficção.

«Obriga-me a escrever a v. exc d'est'outro mundo de verdades e desenganos, sobre este negocio de tanta monta, e materia tão importante á honra, vida e estado vosso, e de todos estes reinos de Portugal, a memoria de um avô que tivestes muito conhecido no mundo , a quem em tempo tão necessitado de homens, qual elle foi na vida, por nossos e vossos peccados, succedestes no casco da illustrissima casa, sómente, que não na lealdade portugueza, no coração real, no zelo da conservação do reino que houvereis de herdar afamado no mundo todo. Os oleiros, sapateiros, alfaiates, e os mesteres do paço vos furtaram a benção, e o lugar, mostrando-se tão inteiros, generosos e leaes n'este derradeiro termo, que Portugal fez, e com que acabou por alguns annos, como se os privilegios honrosos, ou os titulos illustres, e os morgados e reguengos foram seus d'elles, e não vossos. E como se de rei natural (que podiam ter e dar-vos) não fôra sempre o melhor quinhão o vosso, e dos mais senhores fidalgos a quem favorecia, conversava, e sabia o nome, e com quem distribuia a maior parte dos bens da sua corôa, ficando elle sómente com o estado, e titulo real, com as obrigações, e trabalhos de nos defender a todos, e governar. Porque quem vir com curiosidade as rendas da corôa, e bens patrimoniaes dos reis nas alfandegas, nos contos, e nas sizas da cidade de Lisboa, do Porto, e das mais, achará esta verdade clara, a saber: que todo o bom, e grosso estava repartido, e derramado em juros, tenças, morgados, reguengos, jurisdicções de vassallas, e vassallos, tudo desmembrado da corôa real nos senhores, e fidalgos do reino, de maneira que mais parecia o rei seu pai, ou almoxarife d'elles, que rei, nem senhor. Oh! mal afortunados tempos! Hora infeliz, e desaventurada, e lastima para sentir! Quem de todo não perdeu o juizo com as razões castelhanas de portuguezes elches!

Por ella se póde aferir o grau de civilisação d'este ou d'est'outro povo porque ahi onde mais o homem se estreitar com o homem, aonde mais de um irmão ajudar o outro irmão, ahi tambem mais o espirito tenderá a elevar-se e de feito se há-de elevar elevação que toda se desata em muita sciencia, muito bem e muita ventura.

E. Titulo. P. A palavra «Motta», que está ahi a dizer? E. O nome do auctor. P. E as outras? E. O assumpto. P. Vede a lombada d'est'outro livro. Tem tão poucos dizeres, como a d'esse, por onde habitualmente ledes? E. Não, senhor; tem mais. P. Que mais tem? E. Uma lettra de conta. P. De que palavra nos deveremos servir, para designar o que chamaes lettra de conta? E. Não sei.

A noticia que Barbosa Machado me deu, rezava assim: Pedro de Alpoem Contador, natural de Coimbra, doutor em direito cesareo, collegial do collegio de S. Pedro, aonde foi admittido no 1.º de janeiro de 1578. Na universidade patria regentou a cadeira de Instituta, que levou por opposição a 18 de outubro de 1572, d'onde passou á do Código em 2 de janeiro de 1579. Foi um dos celebres defensores da successão da corôa portugueza a favor da senhora D. Catharina, como tambem do direito que tinha á mesma corôa o snr. D. Antonio, prior do Crato, por cuja causa morreu degolado. Escreveu: Carta ao duque de Bragança D. João, o primeiro de nome, quando Philippe Prudente entrou em Portugal. A data é do Seio de Abrahão a 20 de julho de 1581. Começa: «Obriga-me a escrever a v. exc.^a d'est'outro mundo de verdades e desenganosAcaba: «Conforme a santa lei d'este reino ao qual Deus eternamente tem promettido conservar